Calcanhar de Aquiles





A expressão “Calcanhar de Aquiles” advém de uma lenda da mitologia grega. O mais hábil dos guerreiros gregos que guerrearam contra os troianos, era Aquiles, nascido do rei Peleu e da bela ninfa do mar, Tétes. Ao nascer, uma pitonisa vaticinou que sua trajetória seria gloriosa, porém breve.

Sua mãe decidiu no vaticínio profético. Aquiles jamais provaria a morte. Levou Aquiles, ainda impúbere, até ao abismo do subterrano reino de Hades, onde ali corria o escuro rio Stux de cujas margens os deuses proferiam juramento indeclináveis. Se algum mortal fosse imerso em suas águas escuras nenhuma espada, flecha ou qualquer arma poderia feri-lo.

Tétes segurou a criança pelo calcanhar e mergulhou-o nas águas negras do rio. O lendário rio submergiu o menino, imunizando seu corpo contra todos os perigos. No afã de retorná-lo à luz do sol, a zelosa mãe não percebeu que as águas misteriosas, não haviam molhado o seu pequeno calcanhar. Ficou ali um ponto que poderia ser mortal.

A mãe orgulhosa voltando mostrou a criança a Peleu. Os caracóis embranquecidos dos seus cabelos e a face enrugada do rei assustaram a criança. Peleu afastou-se comentando: “Este menino é um chorão!”. Por isso passaram a chamá-lo de Ligyrom. Ainda mancebo, Peleu mandou Ligyrom morar com Quirom, o culto Centauro, criatura híbrida, metade homem, metade cavalo, que tinha uma academia para heróis nos bosque do Monte Pelion.

Quirom passou a chamar o menino de Aquiles e lhe dava uma ração de corações de leões e tutano de urso e javalis. Aquiles tornou-se um hábil arqueiro e domador de cavalos e se submetia a uma estóica disciplina física, para crescer forte e corajoso. Dormia ao ar livre, caçava javalis pela floresta e combatia hordas de bandoleiros assaltantes que passavam pela montanha. Ao término dos estudos Quirom retornou para casa já rapaz, alto,louro, corpo atlético e corajoso.

A mãe derramou lágrimas ao vê-lo recordando da antiga profecia. O velho pai não se contia de orgulho e levou o belo príncipe para conhecer os tesouros do palácio. Aquiles tornou-se um dos maiores e invencíveis arqueiro. Partiu com os gregos para a longa guerra de Tróia, provando ser mesmo um guerreiro imbatível. Contudo, por mais combatente e forte que fosse, não atingiria a perfeição. Queria que todos soubessem que ele era invencível, meditava e falava exageradamente da sua própria glória. Era irascível; quando não concordavam com ele, fechava-se na sua tenda, aborrecido. Seu destino previsto pela profetisa, chegou cedo demais.

Certo dia no fragor da batalha em Tróia, Aquiles conduziu o carro puxado por dois cavalos até bem perto dos portões, mas se deteu para zombar dos desditados troianos postados no alto da muralha, protegido pela coluna de pedra que guarnecia os guerreiros. Debalde, o fiel corcel Ouro Velho pisoteou, relinchou e lutou contra os freios, talvez pressentido o trágico destino e tentando livrar o dono do perigo iminente. Mas Aquiles, vaidoso, altaneiro, gabava-se dos seus grandes feitos: como do mar, havia destruído doze cidades e da terra, onze; como abatera a rainha dos amazonas e aniquilara Heitor, a esperança dos troianos; como ganhara grandes espólios e incontáveis tesouro e muitos territórios, e como, em nenhum lugar, não existia ninguém tão temível quanto ele, nem mesmo Apolo. Ainda talvez absorto ao pensar nesses feitos, uma sibilante lança refugiu em sua direção, vinda dos ameias.

Debalde a proteção da grandiosa armadura, a morte foi rápida.pensam uns que a lança foi arremessada de uma ameia por Paris. O pérfido príncipe que causou aquela guerra. Outros discutem que não foi lançada por nenhum mortal, mas viera dos céus, do próprio Apolo, ofendido além dos limites pela jactância do herói. Não se sabe ao certo a verdade. O fato é que a lança certeira atingiu um pequeno ponto do calcanhar onde a armadura não cobria. O herói caiu silencioso no chão – como até hoje ocorre com tantos arrogantes e jactanciosos. 

Seus maravilhosos corcéis, na falta de sua voz de comando e das fortes mãos nas guias, fugiram desgovernados galopando na velocidade do vento sobre as planícies.

Qual seria o seu calcanhar de Aquiles?

 

Dr. Lawton Ferreira


Comentários

comments

Contribua com sua opinião