O carneirinho perdido

A mãe ovelha amava seu carneirinho da mesma forma que sua mãe amava você.
Era um filhote pequenino, de perninhas finas e com muito pouca lã ainda. Passava a noite no ovil, dormindo aconchegado no calor da lã de sua mãe.
Passava o dia mordiscando a relva, bebendo a água do córrego e brincando na pradaria.
– Cuide do meu carneirinho – a mãe ovelha tentou dizer ao pastor do rebanho. – Ele é muito pequenininho e frágil para cuidar de si.
O pastor compreendeu, e tratou de observar com atenção o carneirinho, embora houvesse cem ovelhas no rebanho.
Tratava-se de um bom pastor, ou não teria conseguido cuidar de todos. Todas as manhãs abria o portão do ovil e o rebanho saía. Ele então conduzia os animais a um pasto verde na encosta de um morro e ali passava o dia tomando conta. Havia lobos nas montanhas das redondezas, à espera de uma chance para pegar os carneirinhos. O pastor mantinha os lobos afastados.
Quando o sol começava a descer por trás do morro, o pastor conduzia o rebanho de volta para o ovil. E antes de fechar o portão, sempre contava suas ovelhas para ver se havia cem.
As tempestades em lugares altos assim são muito terríveis. Um dia houve uma tempestade, com vento, chuva fria e raios no céu. A ovelha mãe ficou assustada demais, sem saber para onde ir. Seguiu as outras ovelhas, que se abalroavam e quase esmagavam ao descer correndo a encosta. Mas o pastor as conduziu com tranqüilidade, indicando o caminho com o cajado. Chamava cada um pelo nome que lhes dera. Ia na frente para evitar que a tormenta as espantasse de volta antes de se sentirem seguras, pois já se avistava o ovil.
Ao atravessarem o portão, uma por uma, ele as contou.
Só havia noventa e nove.
Então o pastor olhou nos olhos suplicantes da mãe ovelha. Ela estava tentando dizer que seu filhote se perdera na tempestade.
Se não fosse um bom pastor, ele poderia pensar que um carneirinho daqueles não seria uma grande perda. Mas pensou apenas no frio que estaria sentindo o bichinho com tão pouca lã, no meio da tempestade. E lembrou-se de que, além da tormenta, escutara o uivo dos lobos.
Pois o bom pastor saiu no vento e na chuva para encontrar o carneirinho.
Já estava tão escuro que ele mal podia enxergar. O vento estava frio, a chuva encharcava seu manto e as pedras cortavam-lhe os pés. Qualquer outro pastor teria desistido. Mas o bom pastor via, através da tempestade, os olhos sofridos da ovelha mãe do carneirinho. E prosseguiu até encontrar o carneirinho perdido, deitado, com medo e com frio, à beira da estrada.
O pastor pegou o carneirinho nos braços. O animalzinho estava com frio para voltar andando. Levou-o para casa no colo, com o mesmo cuidado que sua mãe tinha por você quando bebê. Ficou muito feliz ao chegar ao ovil e poder devolvê-lo à mãe. Convidou os vizinhos a virem partilhar de sua alegria, pois nem um carneiro se quer havia se extraviado do rebanho.
Os vizinhos estranharam um pouco a alegria do pastor.
– Noventa e nove é quase cem – disseram. – Que diferença faria um carneirinho num rebanho tão grande?
O bom pastor sabia. O carneirinho que se perdeu era um dentre os seus, e ele os amava a todos.
Do livro: O Livro das Virtudes II – O compasso moral
William J. Bennett – Ed. Nova Fronteira

O carneirinho perdido
A mãe ovelha amava seu carneirinho da mesma forma que sua mãe amava você.
Era um filhote pequenino, de perninhas finas e com muito pouca lã ainda. Passava a noite no ovil, dormindo aconchegado no calor da lã de sua mãe.
Passava o dia mordiscando a relva, bebendo a água do córrego e brincando na pradaria.
– Cuide do meu carneirinho – a mãe ovelha tentou dizer ao pastor do rebanho. – Ele é muito pequenininho e frágil para cuidar de si.
O pastor compreendeu, e tratou de observar com atenção o carneirinho, embora houvesse cem ovelhas no rebanho.
Tratava-se de um bom pastor, ou não teria conseguido cuidar de todos. Todas as manhãs abria o portão do ovil e o rebanho saía. Ele então conduzia os animais a um pasto verde na encosta de um morro e ali passava o dia tomando conta. Havia lobos nas montanhas das redondezas, à espera de uma chance para pegar os carneirinhos. O pastor mantinha os lobos afastados.
Quando o sol começava a descer por trás do morro, o pastor conduzia o rebanho de volta para o ovil. E antes de fechar o portão, sempre contava suas ovelhas para ver se havia cem.
As tempestades em lugares altos assim são muito terríveis. Um dia houve uma tempestade, com vento, chuva fria e raios no céu. A ovelha mãe ficou assustada demais, sem saber para onde ir. Seguiu as outras ovelhas, que se abalroavam e quase esmagavam ao descer correndo a encosta. Mas o pastor as conduziu com tranqüilidade, indicando o caminho com o cajado. Chamava cada um pelo nome que lhes dera. Ia na frente para evitar que a tormenta as espantasse de volta antes de se sentirem seguras, pois já se avistava o ovil.
Ao atravessarem o portão, uma por uma, ele as contou.
Só havia noventa e nove.
Então o pastor olhou nos olhos suplicantes da mãe ovelha. Ela estava tentando dizer que seu filhote se perdera na tempestade.
Se não fosse um bom pastor, ele poderia pensar que um carneirinho daqueles não seria uma grande perda. Mas pensou apenas no frio que estaria sentindo o bichinho com tão pouca lã, no meio da tempestade. E lembrou-se de que, além da tormenta, escutara o uivo dos lobos.
Pois o bom pastor saiu no vento e na chuva para encontrar o carneirinho.
Já estava tão escuro que ele mal podia enxergar. O vento estava frio, a chuva encharcava seu manto e as pedras cortavam-lhe os pés. Qualquer outro pastor teria desistido. Mas o bom pastor via, através da tempestade, os olhos sofridos da ovelha mãe do carneirinho. E prosseguiu até encontrar o carneirinho perdido, deitado, com medo e com frio, à beira da estrada.
O pastor pegou o carneirinho nos braços. O animalzinho estava com frio para voltar andando. Levou-o para casa no colo, com o mesmo cuidado que sua mãe tinha por você quando bebê. Ficou muito feliz ao chegar ao ovil e poder devolvê-lo à mãe. Convidou os vizinhos a virem partilhar de sua alegria, pois nem um carneiro se quer havia se extraviado do rebanho.
Os vizinhos estranharam um pouco a alegria do pastor.
– Noventa e nove é quase cem – disseram. – Que diferença faria um carneirinho num rebanho tão grande?
O bom pastor sabia. O carneirinho que se perdeu era um dentre os seus, e ele os amava a todos.

Do livro: O Livro das Virtudes II – O compasso moral William J. Bennett – Ed. Nova Fronteira

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