Vivendo na Luz

Introdução
– Ao iniciarmos este sermão estamos dando prosseguimento a uma série de mensagens baseadas em princípios da vida cristã importantes na vida em comunidade. No domingo próximo passado, refletimos sobre o mandamento de amar uns aos outros como Jesus nos amou. Já neste domingo em todas as celebrações da igreja estamos refletindo sobre a vida na luz.

– Quando falamos sobre o tema viver na luz, expressão usada na exortação de João em sua epístola, não estamos nos referindo a luz do sol ou a luz elétrica, mas, estamos nos referindo ao aspecto espiritual de uma pessoa.

– É importante sabermos que no âmbito espiritual só existem dois estados: trevas ou luz. Existem pessoas que fisicamente tem a luz (do sol, elétrica), mas que espiritualmente estão vivendo em trevas (pecado) (Isaias 9:2). Porém, o ser humano não foi feito para viver em trevas, pois toda a obra criada de Deus surge a partir da criação da luz em Gênesis 1:3.

– Em Êxodo 10:23 quando Deus envia a nona praga sobre todo o Egito, conta-nos o texto bíblico que por três dias houve densas trevas sobre todo o país e que ninguém pôde ver ninguém, nem sair do lugar. Mas os israelitas tinham luz nos locais em que eles habitavam, assim como os cristãos hoje, que vivem em uma geração mergulhada em trevas, mas que possuem a luz do mundo (João 8:12) que é Jesus.

– No texto bíblico de nosso sermão (1 João 1:5) o apóstolo João escreve: “Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês…” (v.5a) João estava compartilhando algo que ele havia aprendido com Jesus, não estamos sendo exortados por palavras humanas, mas sim pelo próprio Jesus. Por isso, com este estudo queremos pela graça de Deus resgatar a compreensão de que nossa vida está na luz, diante de Deus, dos nossos irmãos e irmãs em Cristo e de toda a humanidade. Sendo assim, surge a seguinte pergunta: Quais as implicações práticas de vivermos na luz?

I – Cultivamos comunhão com Deus (vv. 5-6)
– Ao iniciar o v.5 entre outras afirmações, João diz que Deus é luz e que em Deus não há treva alguma e que se alguém afirma ter comunhão com ele não anda em trevas (v.6). Para Deus não existe meio termo, ou somos ou não somos, ou nascemos de novo ou não nascemos, ou estamos nas trevas ou estamos na luz.

– Gostaríamos de refletir com a Igreja sobre a expressão do v.6: “Se afirmarmos que temos comunhão com ele…”. Com toda certeza, um dos pontos centrais da mensagem de Jesus é o resgate da comunhão do ser humano com Deus. No v.3 João afirma que nossa comunhão é com o Pai e com o seu filho Jesus Cristo. Aqui a palavra comunhão vem do grego koinonia que literalmente significa comum, comunhão, sociedade, segundo o comentário da Bíblia da Mulher a expressão trata da mais intima relação com Deus.

– Podemos dizer que viver na luz de acordo com João é ter comunhão com Deus e ter comunhão com Deus é viver uma vida de santidade, compromisso, transparência, louvor, busca e principalmente de abandono das práticas pecaminosas não condizentes com a nova vida em Cristo (2 Coríntios 5:17).

– Quando temos comunhão com Deus, não andamos nas trevas e sim na luz, pois os que não conhecem a Deus e não cultivam comunhão com ele, amam mais as trevas do que a luz, pois suas obras são más e procuram não se aproximar da luz para que suas obras não sejam manifestas (João 3:19-20). Um exemplo é o de Adão e Eva que pecaram por comerem do fruto do conhecimento do bem e do mal, o qual Deus os havia orientado a não comerem. O que eles fizeram? Por terem pecado (trevas), eles se esconderam da presença do Senhor (Gênesis 3:8).

– Quando estamos vivendo na ignorância e no erro (trevas) não conseguimos cultivar comunhão com Deus (luz). F. Braudaz escreve: “João afirma que Deus é santidade, pureza, verdade absoluta, não se pode viver, portanto, em pecado e estar em comunhão com ele” (Vocabulário Bíblico – Allmem, p.320).

– Como em Gênesis, inconscientemente tentamos nos esconder de Deus, mesmo estando na igreja tentamos nos esconder de Deus. Só em Jesus podemos ter comunhão com Deus, pois quem segue a Jesus nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida, pois Jesus é a luz do mundo (João 8:12; 2 Coríntios 4:6), e tendo a luz da vida podemos nos aproximar de Deus e nos tornarmos filhos dele, filhos da luz (João 1:12; 12:36) e desfrutar a presença e comunhão do Pai celestial.

II – Cultivamos comunhão uns com os outros (v.7)
– A vida na luz nos abre uma nova dimensão: Fazemos parte de uma família, da família de Deus (Efésios 2:19), da família dos filhos da luz (2 Tessalonicense 5:5) onde nos relacionamos uns com os outros e onde só temos comunhão se andamos na luz como Jesus (v.7).

– Em Efésios 4:17-32; 5:1-7 Paulo enfatiza o procedimento dos filhos da luz. No v.25 do capítulo 4 somos exortados a falar a verdade ao nosso próximo, se ficarmos irados com nossos irmãos (v.26), não devemos pecar, mas apaziguar nossos sentimentos, de nossa boca não deve sair palavras torpes, mas sim palavras de edificação aos outros (v.29), não devemos cultivar mais amargura, indignação, ira, gritaria, calunia e maldade (v.30), devemos ser bondosos, compassivos uns para com os outros, sempre nos perdoando mutuamente como Cristo nos perdoou (vv.31-32).

– Qual a importância de cultivarmos comunhão uns com os outros? No Salmo 133:1-3 vemos uma declaração profética da comunhão (conviver em união). Aqui vemos o óleo representando a unção de Deus, vemos Deus derramando sua bênção na comunhão uns com os outros. Mas porque Deus derrama sua bênção? Pois se estamos na luz, há comunhão e se há comunhão, há exortação, há fortalecimento espiritual, há transparência, há compartilhar, há a bênção de Deus.

– Em Efésios 5:8-9 somos orientados de nossa nova situação, não somos mais trevas e sim luz do Senhor e devemos viver como filhos da luz, que consiste em toda bondade, justiça e verdade. Se toda a igreja estiver vivendo na luz como de fato Deus está na luz (v.7) com toda certeza, vamos nos relacionar verdadeiramente, sem máscaras, sem hipocrisias, vamos agir com honestidade e transparência uns com os outros, porque na luz tudo se torna visível (Efésios 5:13).

– Um exemplo claro foi à exortação do Apóstolo Paulo em Pedro, quando eles estavam em Antioquia e Pedro não foi autêntico em alguns aspectos de sua vida cristã, na relação com os judeus e gentios (Gálatas 2:11-21), por estarem na luz, por terem comunhão, houve transparência, aconselhamento e exortação, atitudes presentes na vida daqueles que vivem na luz como Jesus (Colossenses 3:16-17; Tiago 5:16).

– Muitas vezes não dimensionamos a importância da comunhão, da unidade, do estar junto e do compartilhar. Que possamos olhar para os nossos irmãos e irmãs em Cristo, para a pessoa que está ao nosso lado, na frente, atrás, aqui na celebração e em nossa célula onde participamos, tendo a disposição de cultivarmos comunhão uns com os outros como a igreja de Atos 2:42-47.

III – Cultivamos uma vida de confissão (vv.8-10)
– Creio que a pior situação que pode ocorrer na vida de um cristão é ele incorrer no erro de não perceber mais o pecado em sua vida, no sentido de ficar anestesiado para o pecado ou se considerar quase que perfeito, esquecendo que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3:23).

– Interessante que o Apóstolo João enfatiza que nossa vida está na luz e que devemos andar na luz, porém no v.8 mesmo nós que andamos na luz não podemos dizer que não temos pecado, pois estaremos mentindo, no v.10 ele salienta que se afirmamos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus mentiroso e a sua palavra não está em nós. Quando confessamos estamos reconhecendo que Deus é a verdade e que sua palavra está em nós.

– Mas o que isso tem a ver com a sua e a minha vida? Mesmo tendo uma nova vida em Cristo Jesus, mesmo tendo uma experiência de conversão, nós lutamos diariamente contra nossa carne e contra nossa vontade, a milícia da carne contra o espírito (Gálatas 5:16-18). Por isso em 1 João 1:9 somos exortados a confessar nossos pecados na certeza de que o Senhor é fiel e justo para nos perdoar o pecados e nos purificar de toda injustiça. Confessar é reconhecer que falhamos, é reconhecer que necessitamos da graça e da misericórdia de Deus, pois onde abundou o pecado superabundou à graça de Deus (Romanos 5:20-21).

– O cristão que vive na luz, como filho da luz tem a consciência clara de sua possibilidade em pecar, não como estilo de vida, mas como um acidente de percurso, pois na mesma epístola de João no capítulo 3:5-6 Jesus se manifestou para tirar nossos pecados, em Jesus não há pecado, no v.6 João afirma que todo aquele que está em Jesus não está no pecado, porém quem está no pecado nunca o conheceu. Uma coisa é estar em Cristo e pecar, outra é estar no pecado e pecar.

– Quando estamos em Cristo confessamos nossos pecados, pois a glória de Deus é tão reluzente que nos portamos como o profeta Isaías que no recebimento do seu chamado reconhece ser um homem de lábios impuros (Isaías 6:5) ou como o rei Davi que constrangido pela presença de Deus na exortação de Natã (Davi havia adulterado com Bate-Seba e cometido um homicídio mandando matar Urias) reconheceu seu pecado (2 Samuel 12:13). Ao cultivarmos uma vida de confissão diária somos curados, fortalecidos por Deus (Salmos 32:1-5), e isso faz com que a luz de Cristo brilhe em nós cada dia mais (Provérbios 4:18).

Conclusão
– Ao concluir este sermão nos lembramos de 1 Pedro 2:9 onde diz que somos geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as suas grandezas, as grandezas daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. Neste estudo vimos que as implicações práticas disso é que temos comunhão com Deus, com os nossos irmãos e temos a graça de confessarmos a Deus nossos pecados e sermos perdoados por ele. .

– Mas, ao concluir este sermão afirmo que estamos vivendo na luz para sermos luz do mundo como Jesus (Mateus 5:14-16). Hahn teólogo protestante escreve: “Os discípulos também recebem a descrição de luz ou luzeiros, sendo que a tarefa deles é passar adiante a luz divina que receberam. Aquilo que ouvem em particular devem proclamá-lo com destemor na luz. Como missionários de Cristo, devem resplandecer no mundo, não com sua própria luz, mas sim com a mesmíssima luz do próprio céu, pois a luz, no NT, se associa com a habitação de Deus, ou até com o próprio Deus, de onde raia sobre este mundo” (NDTNT – p.1223).

– Que Deus nos abençoe e nos ajude a vivermos todos os dias de nossa caminhada nesta terra na luz e como luz do Senhor. Em nome de Jesus, Amém!

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