Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus

A grande maioria das pessoas acha que o céu e o inferno existem. Mas, quem vão para o céu? São poucas as pessoas que têm certeza de que vão chegar lá. Quando fazemos perguntas concretas sobre o destino eterno das pessoas, muitos ficam rindo, mostrando insegurança, e ficam devendo uma resposta. Quase ninguém quer afirmar que vai para o céu. Também nós da Igreja Reformada temos às vezes as nossas dúvidas quanto à eterna salvação. Pois a nossa fé nem sempre está lá em cima. A nossa fé também tem baixas. Às vezes ficamos alegres e animados, querendo cantar muitos louvores a Deus. Naqueles momentos experimentamos a nossa fé da melhor forma possível. Mas há também aqueles outros momentos, quando falta a vontade de freqüentar os cultos, quando oramos pouco, quando vivemos agarrados à televisão, e quando a nossa mente se enche com pensamentos e desejos que não têm nada a ver com Deus. Assim nós podemos ter dúvidas acerca da eterna salvação. Avaliando o ritmo da nossa vida, observando a podridão em nosso coração, ficando decepcionados com nós próprios, podemos ter dúvidas acerca da nossa eterna salvação, ficando tristes e desanimados. Será que cada um de nós vai herdar a vida eterna?

Irmãos, não estamos falando daqueles que têm mostrado que nunca tiveram fé. Não estamos falando daqueles que entraram animados pela porta de frente, querendo fazer parte da nossa comunidade, para depois saírem apagados ou descontentes pela porta de trás. Não estamos falando das pessoas que “saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos” (1 João 2:19). Também não estamos falando dos hipócritas, que têm orgulho de ser membros da Igreja, mas que nunca se entregaram a Cristo. Todas essas pessoas, todos aqueles crentes falsos e disfarçados, não se preocupam com a salvação eterna. Estamos falando de irmãos verdadeiros, estamos falando de eleitos de Deus, que têm fé em Cristo, e que mesmo assim, às vezes, têm dúvidas, dúvidas acerca da sua eterna salvação. Estamos falando daqueles que entraram na Igreja, que estudaram a santa doutrina Palavra de Deus, que fizeram profissão de fé, e que têm lutado para serem cristãos de verdade, mas que, às vezes, se perguntam: “O que estou eu fazendo aqui na Igreja? O que adianta participar de dois cultos todos os domingos? Cadê a minha euforia? Cadê a minha alegria? Cadê a minha segurança e a minha paz interna”? Assim pode haver irmãos verdadeiros, irmãos que têm a verdadeira fé, que ficam, de vez em quando, desanimados e tristes, perdendo até a alegria e certeza sobre a salvação eterna.

É bom sabermos, irmãos, que nós não somos os primeiros a enfrentar este problema. O jovem Timóteo foi criado na fé. A avó dele era cristã (que bênção!) e a mãe dele era também cristã (2 Timóteo 1:5). A mãe dele era uma cristã exemplar, não apenas da boca para fora, mas verdadeiramente. Ela era uma mulher piedosa. Ela apresentava uma atitude e conduta diferente. Assim era a mãe de Timóteo! Calvino até disse que Timóteo, quando estava mamando, “bebia a fé”. Então, Timóteo foi muito privilegiado. Sendo criado na fé, ele tinha tudo para ser alegre e feliz. Desde pequeno Timóteo tinha um desejo muito forte de servir a Deus. Ainda jovem, ele começou a dirigir cultos, tornando-se um pregador do evangelho e um servo no meio das Igrejas de Cristo. Agora, irmãos, parece que o jovem e fiel Timóteo passava por uma crise. Num determinado momento da sua vida, Timóteo perdeu a alegria. Ele até chorou (2 Timóteo 1:4). Ele estava sofrendo. Será que ele estava triste por causa de seu pai? O pai dele era grego (Atos 16:1). O pai dele não fazia parte da Igreja de Cristo. Aos domingos o pai de Timóteo estava no campo, praticando esportes, ou apenas assistindo. Assim eram os homens gregos. Eles eram apaixonados pelos esportes, pelas mulheres e pela bebida. Eles não ligavam ao único e verdadeiro Deus. Será que Timóteo ficou triste por causa disto? Ou será que houve ainda outro motivo de tristeza? Será que ele ficou desanimado também pelo fato de que o apóstolo Paulo, que era seu pai espiritual, estava na cadeia? (2 Timóteo 1:8)? Será que o jovem Timóteo também ficou triste porque estava consciente de que seu pai espiritual não tinha mais muitos dias de vida? É bem provável. Pensando em seu pai natural e pensando em seu pai espiritual, o jovem Timóteo desanimou e perdeu a alegria. Como é que ele podia continuar pregando o evangelho, com alegria e poder, sentindo uma tristeza tão enorme? Há um detalhe na segunda carta do apóstolo Paulo a Timóteo que nos dá a impressão de que Timóteo até pensava em entregar seu cargo (2 Timóteo 1:7-8)! Parece que Timóteo estava pensando em entregar tudo. Ele estava sofrendo demais. Ele não sentia mais nada da alegria pela certeza da salvação. Ele não sentia mais a graça de Deus, aquele grande poder que anima.

Assim nós e nossos líderes, os pastores, presbíteros e diáconos, também podemos ficar desanimados, não sentindo mais o prazer de sermos filhos de Deus, não sentindo mais a alegria pela certeza da salvação. Quando nós vemos os nossos pais e irmãos queridos, que muitas vezes estão fora da Igreja, que muitas vezes nos criticam por fazermos parte do povo de Deus, podemos ficar tristes. Quando nós, trabalhando muito na Igreja, só recebemos críticas e ponta pés, podemos desanimar. Quando nós estamos sendo provados por Deus, perdendo o nosso emprego, tendo que suportar doenças ou deficiências físicas, ou vendo pessoas lá fora com uma vida bem melhor do que a nossa, é fácil perdermos a vontade de ser membros efetivos da Igreja de Cristo. Quando nós, que gostamos de jogar bola, vemos outros jovens e homens jogando aos domingos, sendo elogiados pelos outros por seu desempenho no campo, podemos ficar bastante tristes. Assim há ainda muitas outras coisas, que podem atrapalhar a nossa fé e tirar a nossa alegria de fazer parte do povo de Deus. Assim há muitas outras coisas, que podem fazer com que percamos a animação, o zelo e a certeza da fé. De fato, nem é preciso acontecer muita coisa, e já ficamos perturbados. Uma palavrinha errada, falada por um irmão, já pode ferir a nossa alma, e levar a conseqüências pesadas para a nossa posição dentro da Igreja. Assim somos nós, homens de pequena fé. Perdemos a coragem e a animação por qualquer coisa que acontece, esquecendo-nos da alegria da vida eterna.

Irmãos, vamos dar uma olhada à situação do apóstolo Paulo. Ele estava preso, mas não ficou abalado. Em momento algum ele perdeu a alegria e a certeza da salvação. Seria normal, e até perfeitamente compreensível se o apóstolo Paulo estivesse desanimado, porque ele estava sofrendo muito. Ele, já idoso, ficava preso, aguardando o dia do julgamento, correndo um risco enorme de ser morto por causa do evangelho de Cristo. Assim era a situação dele. Mas o apóstolo Paulo não perdeu a fé, nem a segurança, nem a alegria. Ele não ficou triste, perturbado ou desesperado. Nada disto! “Eu estou certo de que Deus é poderoso para me salvar” (2 Timóteo 1:12). Mesmo encarando a morte, a convicção do apóstolo Paulo de que Deus é poderoso, continuou em pé. Paulo continuou reconhecendo o poder de Deus, confessando que “Deus não lhe deu espírito de covardia, mas espírito de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Timóteo 1:7). E ele escreveu ao jovem Timóteo, que estava tão angustiado, as seguintes palavras: “Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação” (2 Timóteo 1:9). Prestem atenção ao fato, irmãos, de que o apóstolo Paulo falou e escreveu com toda a segurança: “Deus nos salvou”. Ele não disse: “Espero que Deus nos salve”. Ele não disse: “Espero que Deus me tire desta situação horrível”. Ele também não disse: “Eu acho que seremos salvos. Se Deus quiser, chegaremos no céu”. Não, sem apresentar dúvida nenhuma, o apóstolo Paulo falou com a maior segurança possível: “Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação”. É isto que importa irmãos, também para nós. Nós que somos filhos verdadeiros de Deus podemos e devemos dizer que Deus de fato nos salvou e chamou para sua eterna glória. Isto é uma certeza, uma certeza para aqueles que têm fé em Deus! Porém, esta certeza não está baseada em nossas obras ou em nossos méritos. Até as nossas melhores obras são podres. E méritos nós não temos. A certeza da nossa salvação e a nossa paz interior estão baseadas somente na determinação eterna e na santa vocação de Deus, o qual nos escolheu em Cristo antes dos tempos eternos. Somente podemos apoiar-nos em Deus, Somente dá para nos apoiar no Plano de Deus, o qual conhece os seus desde a eternidade, e os escolheu e chamou, segundo sua misericórdia (Efésios 1:4; Tito 3:5; 2 Timóteo 1: 9).

Você irmão, você irmã, que não está aqui por costume ou por obrigação, mas que está aqui querendo servir a Deus de todo o seu coração, perceba isto! Perceba que você, que pela graça de Deus tem vontade de servir somente a ele, tem um fundamento seguro. Por trás da sua fé se encontra uma eterna e imutável determinação de Deus, o qual chamou você desde os tempos eternos para sua glória. É por esta razão, que você que tem fé pode e deve ter certeza da sua salvação. Deus o escolheu e o chamou. Assim, sendo escolhido, você recebeu “uma santa vocação” (2 Timóteo 1:9). A sua vocação é muito, muito especial. A sua vocação é um convite de Deus que não dá para rejeitar. Só para dar uma ilustração: Vocês já ouviram que aconteceu que um jogador de futebol foi convidado para a seleção nacional, e não quis? Vocês já ouviram de um jogador que foi chamado pelo técnico da seleção, mas preferiu ficar em casa? Mas que absurdo seria isto! Qualquer jogador profissional está doido para conquistar um lugar na seleção. Todos têm vontade de fazer parte do time. Nenhum daqueles que receberam uma convocação, quer ficar no banco. Pois vejam bem, a convocação para jogar na seleção do Brasil, é uma convocação muito especial. Assim, irmãos, a vocação de Deus é também uma vocação muito especial. Que santa vocação nós recebemos! Que convite irresistível! Será que nós agora queremos ficar de braços cruzados? Será que nós, tendo recebido uma convocação de Deus para participar da assembléia dos eleitos queremos ficar inativos? Impossível! Aqueles que receberam a santa vocação de Deus, aqueles que receberam o convite irresistível de fazer parte da seleção de Deus, eles apenas querem uma coisa só: viver para Deus, com alegria, com convicção, sem jamais desanimar. Irmãos, é assim, através da santa vocação de Deus, que nós recebemos certeza e segurança quanto ao nosso futuro. É assim, baseando-nos na eterna eleição, baseando-nos na santa vocação de Deus, fazendo boas obras com alegria, que nós temos segurança de que iremos receber um lugar no céu.

Existem ainda Igrejas – por incrível que pareça – que negam o eterno Plano e a eterna eleição de Deus, negando assim também a santa vocação que nós recebemos. Porém, a Bíblia fala claramente a respeito. A Bíblia revela claramente que Deus escolheu os seus antes da fundação do mundo. “Segundo seu querer, Deus nos gerou” (Tiago 1:18). Porém, infelizmente, muitas igrejas e seitas negam isto. Muitos têm uma doutrina que contraria a Palavra de Deus. Há muitos crentes que acham que foram gerados por seu próprio querer. Há milhares e milhares que acham que talvez sejam salvos por suas próprias boas obras. Será que aquelas pessoas estão usando Bíblias diferentes? Parece que na Bíblia delas não se encontra 2 Timóteo 1:9. Parece que aquelas pessoas estão achando que o Todo-Poderoso não sabe todas as coisas de antemão. Isto é muito grave, irmãos! Isto é negar o poder de Deus. Deus é o SENHOR dos Exércitos. “As primeiras coisas, desde a antigüidade as anunciei; sim, pronunciou-as a minha boca, e eu as fiz ouvir”. Assim é nosso Deus. Ele sabe as coisas antes que elas venham a acontecer. Como então pode haver pessoas que negam o eterno Plano de Deus acerca da nossa salvação? Será mesmo que a graça de Deus, que nos foi manifestada pela aparência de nosso Salvador Cristo Jesus, foi manifestada por capricho? Será que o nascimento, a morte e a ressurreição de Cristo aconteceram à toa? Cristo morreu sem saber por quem? Vejam só! Quando nós queremos fazer uma viagem, o que nós fazemos? Não é assim que tomamos todas as providências necessárias antes? Não é assim, que já muitos dias antes da viagem estamos preocupados com o transporte, com a bagagem, a compra da passagem, o trajeto etc.? Como então podemos pensar que Deus teria iniciado o maior projeto de todos os tempos, o projeto da eterna salvação, sem ter definido antes o seu grande Plano?

Nós cremos naquilo que a Palavra de Deus ensina. O que a Palavra de Deus ensina? Ela ensina que “a graça que foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos, aquela mesma graça que já marcava o eterno Plano de Deus, foi manifestada agora pelo aparecimento do nosso Salvador Cristo Jesus, o qual tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho” (2 Timóteo 1:9-10). Quer dizer: Quando Cristo apareceu e nos chamou para a vida eterna, pagando pelos pecados, não havia nada de novo: Tornou-se apenas visível e foi manifestado, o que estava escondido, ou seja, foi manifestado o eterno propósito de Deus. Isto é muito importante! Temos que saber que nosso Deus é assim. Nosso Deus quer dar-nos segurança, vida e paz, por meio da fé em Cristo Jesus, o qual nos revelou o eterno Plano de Deus. É assim, tendo fé em Cristo, que podemos e devemos ter certeza e segurança de que Deus nos levará até a vida eterna, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu eterno e imutável propósito. Não devemos pensar que somente aqueles que têm sorte encontrarão o caminho para o céu. A verdade é outra. O caminho para o céu nos foi revelado no evangelho. O evangelho nos revela plenamente o plano de Deus para nossa salvação. Agindo e vivendo por este evangelho, pondo-o em prática, teremos segurança e alegria pela eterna salvação. Este é um mistério profundo. Mas é por aí, “mediante o evangelho” (como o apóstolo diz em 2 Timóteo 1:10), que nós recebemos aquela segurança acerca da vida eterna. Precisamos fazer apenas uma coisa só: confiar no Salvador Cristo Jesus, o qual tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade. Fazendo isto, irmãos, não pode haver mais insegurança em nosso meio. Fazendo isto, ficando de olho na eterna salvação em Cristo, e andando nos caminhos do evangelho, vocês chegarão lá, com certeza. Porque Deus, que lhes deu uma santa convocação, é fiel. Jamais desanimem, seja como for a sua vida. Sejam fortes e corajosos. Deus é eterno, e seus planos não fracassarão. Sejam banidos da sua mente qualquer tristeza e desânimo. Sejam banidas de seu coração todas as dúvidas pecaminosas. Deus os chamou para sua eterna glória. “Vocês são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Portanto irmãos, vocês que crêem verdadeiramente em Cristo, tenham certeza de que irão para o céu. Saibam que Deus é maior do que o nosso entendimento. Então, vivam assim, sem dúvidas, mas alegres e contentes, esperando a vinda do nosso Salvador Cristo Jesus. Amém

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