Orai sem cessar.

Neste sermão vamos sobre sobre orai sem cessar.

1 Tessalonicenses 5.17.

Os filhos de Deus são esculpidos na cruz, gerados pela tumba vazia, formados no secreto da intimidade com o Pai e mantidos pelo poder do Espírito. É na oração que o caráter do cristão é formatado pela comunhão de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

A vida cristã é o santo milagre da comunhão espiritual. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1 Coríntios 1:9. A vida espiritual se expressa naturalmente em sua comunhão secreta com Deus.

O homem natural não ora, no máximo, reza ou repete palavras. A oração é uma demonstração da vida espiritual no espírito vivificado. Primeiro lugar, o Espírito Santo nos vivifica, depois Ele ora por nós e nos ensina a orar na dependência dEle mesmo.

A vida espiritual precede a vida de oração. O peixe vive na água e o crente no ambiente da oração. É assim que o apóstolo focaliza o caminho de fé: com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito. Efésios 6:18a. Não há intervalo ou um recreio para quem vive no espírito, em oração, mesmo quando não fala coisa alguma.

Sem uma vida de oração não haverá crescimento espiritual. Não estou falando de momentos de oração ou estas orações antes das refeições. É o orai sem cessar de que se refere o apóstolo Paulo. Mas, como pode ser isto? Como pode alguém que tem o que fazer, o tempo todo, orar sem cessar? Isso – não parece impossível?

Como uma mãe pode amar o seu filho, o tempo todo? Será que ela, por um só instante, pára de amá-lo, se estiver cozinhando ou arrumando a casa? E como é que nós respiramos, cerca de 17 vezes a cada minuto, sem perceber?

Os movimentos naturais são feitos naturalmente. Nós piscamos os olhos todo o tempo de modo natural. A oração também é um movimento espiritual que os filhos de Aba fazem, naturalmente, em seu modo de ser, espiritual. Orar é normal na vida do espírito.

Jesus tinha Seus momentos de oração, mas, também, vivia o estilo da oração, ao orar sem cessar em Seu espírito. É uma vida de intimidade do espírito humano com o Espírito de Deus, que produz um estado de comunhão permanente, no âmbito espiritual.

Todos nós precisamos de momentos de oração, como de um estado de oração. Andrew Murray disse assim: “sem momentos de oração, o espírito se torna desanimado e fraco. Sem continuidade de oração, não teremos momentos tão eficazes.”

Como Paulo enfrentava suas lutas e saudade? Era deste modo: orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé? 1 Tessalonicenses 3:10. Orando noite e dia é orar sem cessar ou orar sem a consciência de tempo ou espaço. É orar no espírito.

Uma vez me senti culpado porque dormi enquanto orava de joelho. Como pode pegar no sono, numa posição tão desconfortável, para se dormir? Como se pode cochilar e perder a consciência da presença do onipotente Deus? É uma falta de respeito total.

Os discípulos de Jesus também dormiram enquanto oravam com Ele. E, neste ponto, Ele mostrou que o espírito pode até estar pronto, mas a carne é fraca. A questão é, ao meu ver, a complexidade da alma versus a simplicidade do espírito.

Existe na oração elementos que envolvem a terceira dimensão e elementos de uma dimensão espiritual. Por um lado, eu falo com palavras racionais e por outro lado, há gemidos espirituais inexplicáveis. Tanto a alma como o espírito estão envolvidos no bojo da oração, e, muitas vezes, nós ficamos perplexos com este envolvimento.

Este é um dos problema que precisamos analisar aqui. Jesus abordou com os discípulos, inicialmente, foi a falta de vigilância, que tem sua sede na alma. E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora vós pudestes vigiar comigo?Mateus 26:40. Sua censura foi sobre vigilância e não oração.

A seguir, Jesus fala aos caros sonolentos: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. Mateus 26:41. Parece que há na oração algo de sentinela, mas, também, algo em outra esfera.

A vigilância tem a ver com uma mente desperta ou acordada, enquanto que a oração tem um caráter espiritual. Pode-se orar com a mente e pode-se orar no espírito. O apóstolo Paulo disse: Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente. 1 Coríntios 14:15.

No verso anterior, o apóstolo fala de uma realidade espiritual que transcende a nossa capacidade racional de entendimento. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. 1 Coríntios 14:14. Parece que se trata de uma linguagem espiritual que supera os limites de compreensão da alma.

Assim na oração, há sempre um mover da alma e do espírito; o espírito, porém, parece que nunca perde o controle espiritual. Uma vez que o ser humano foi vivificado, e foi pelo Espírito de Deus, esse espírito vivificado não sai jamais, da esfera espiritual.

A questão que fica é: se eu dormir, o meu espírito também dorme? – Quando eu durmo, a minha respiração não pára e quando eu durmo, enquanto oro, o meu espírito sai do relacionamento espiritual? Se houver essa desconexão, não me parece algo espiritual.

Ora, se minha oração é uma realidade espiritual, o sono até pode tirar a minha consciência do que estou orando, mas não pode me retirar do colo do meu Pai celestial, da mesma maneira que, a criança que dorme no colo da mãe, não perde a relação da sua mãe com ela. Quem ora no espírito não se desconecta da comunhão com o Pai.

Orar sem cessar é, orar no espírito regenerado pelo Espírito de Deus. Pois o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede, sobremaneira, por nós, com gemidos inexprimíveis. Romanos 8:26. Trata-se de uma realidade espiritual.

Nós não sabemos orar como convém em nosso homem exterior, entretanto, em nossa fraqueza somos acudidos pelo Espírito Santo a orar, espiritualmente, com gemidos inexprimíveis, em nosso espírito vivificado pelo próprio Espírito Santo, o homem interior.

Precisamos da graça para entender que a oração pode ser feita, tanto através da alma quebrantada, como por meio do espírito avivado. Na alma humilde há uma real e viva consciência na comunicação; no espírito vivificado, uma doce comunhão. A noiva diz nos Cânticos de Salomão 5:16a: O seu falar é muitíssimo doce; sim, ele é totalmente desejável. Esse anseio e doçura se expressam no íntimo do coração.

Senhor, ensina-nos a orar. Sim, orar. É isso que precisamos ser ensinados. E embora, em seu início, a oração seja tão simples que uma criança fraca possa orar, ela é, ao mesmo tempo,a atividade mais elevada e mais santa que alguém pode ascender.

Essa comunhão com o Invisível e o Santíssimo nos torna acessíveis ao poder do Todo-poderoso colocado à nossa disposição, no espírito. Aqui encontra-se a própria essência da vida eterna, o canal de todas as bênçãos, o segredo do poder e da Vida.

A comunhão da oração com o Senhor, não é só para nós mesmos, mas para os outros, para a Igreja, para o mundo,a fim de que Cristo seja glorificado através da nossa plena e absoluta dependência dEle. É na oração que as promessas aguardam a sua real realização; o reino, a sua vinda; e a glória de Deus, a sua perfeita expressão em nós.

Orai sem cessar – é possível. Mesmo que a nossa alma esteja bloqueada pelo sono ou por outra atividade, o nosso espírito estará livre e desimpedido de se comunicar e comungar com o Santo Espírito de Deus. Podemos e precisamos orar com a mente, mas, podemos e oramos com o espírito. A vida espiritual é espiritual e jamais anímica.

O salmista diz nesta paráfrase: A amizade de Deus é para os seus íntimos e verdadeiros adoradores; são a estes que o Senhor confia os Seus segredos. Salmo 25:14. As orações de maior intimidade são as do recôndito do ser interior. É no silêncio da alma e no pulsar do espírito que se processam as revelações mais preciosas.

Andrew Murray disse: – “a morte de Cristo nos trouxe a um lugar de intercessão constante, pois a nossa morte com Ele, para o pecado e para nós mesmos liberta-nos das preocupações da própria vida, e nos eleva a qualidade de intercessores – isto é, aqueles que podem levar vida e bênçãos de Deus para outros”. Aqui está o milagre que nos torna intercessores, que oram sem cessar: a nossa morte e ressurreição com Cristo. Amém.

Autor: Pr. Glênio Fonseca Paranaguá

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