O cisne solitário





Era uma vez um belo cisne que, à diferença dos demais de seu grupo, era acinzentado. Nem por isso sentia-se mal, ao contrário, fazia-se de tímido quando diziam da sua beleza, no fundo, acreditava piamente nela. Seu porte magnífico, seu pescoço em curva e esguio, seu modo de deslizar com calma na água… ah! como ele era apreciado e como gostava de perceber isso!

No seu coração, porém, sentia-se só. Os aplausos não eram suficientes para arrancar essa solidão, mas bem que ajudavam! Ele mesmo não sabia porque existia tal sentimento tão forte dentro de si. Talvez tivesse nascido assim…

Ocorre que para esquecer essa emoção difícil, o cisne rodeava-se de cisnes, peixes, patos, marrecos, e o bicho que viesse, e viera a ser muito sociável. Com o passar do tempo quase esquecia de verdade da sua solidão.

Um dia – e há sempre um dia em que o mesmo se rompe -, uma arara se apaixonou pelo cisne, mas a natureza não permitia que uma barulhenta e voadora arara pudesse ser um bom par para um nadador silencioso como o cisne cinzento. Este, que logo percebeu o amor da arara e apreciou mais do que deveria a beleza de suas cores, passou à necessidade de olhá-la todos os dias, o que preenchia de tal modo seu coração, que sua solidão desapareceu.

Mas, a arara teve que continuar sua vida como arara, e já fazia tempo que por ali estava morando. Quando o bando partiu, também ela se foi – chorando, é verdade. Assim tinha que ser.

O cisne cinzento, ao olhar novamente seu coração, viu que o tamanho de sua solidão havia aumentado, apesar de peixes, marrecos, etc., terem aumentado de número ao seu redor, bem como as conversas. Seu belo pescoço curvou em demasia e seu impulso social diminuiu. Perdido entre conversas sem importância, um tanto dispersivo em tudo, o cisne passou a achar-se feio, e o peso da sua vida duplicou.

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