Amor – O caminho para o despertamento dos dons

2001 foi o ano do despertamento dos dons, e o Brasil Batista trabalhou o tema “Desperta os dons que há em ti”. Como ajuda ás Igrejas foi lançado o livro “Igreja- celeiro de dons” pelo Pr. Darrell W. Robinson. Aprendemos que os dons espirituais são dados à Igreja. Despertar os dons, sugere que eles estejam adormecidos em nós; e que precisamos com urgência descobri-los para que sejam colocados em prática no reino de Deus. Por isso precisamos entender o significado da Igreja, pois há muitas pessoas que tratam a Igreja como um clube cívico, ou ponto de encontros com amigos. Reservam um tempinho para reuniões, dão algum dinheiro como se estivessem pagando suas obrigações, e, ocasionalmente fazem algum tipo de serviço. Mas a Igreja não é um lugar que se freqüenta. Nós somos a Igreja! Nós recebemos de Deus o DOM do espírito quando cremos em Jesus e dons espirituais para a edificação uns dos outros. Todo dom espiritual tem como finalidade edificar a Igreja. Paulo dedicou o capitulo 12 de sua 1a carta aos Coríntios para descrever os dons espirituais, como também Romanos 12 e Efésios 4:1-16. E termina o capitulo 12 de Coríntios trazendo um grande desafio, que se não for observado, anula todos os dons espirituais. Depois de fazer a relação dos dons, Paulo diz: “Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons, e eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente” v.31. Entendemos por melhores dons, na linguagem do apóstolo, os que mais edificam a vida dos outros- a Igreja. E eu passo a mostrar-vos ainda… Quer dizer: O que Paulo passa a ensinar no capitulo 13 é o que há de mais importante. É o caminho mais excelente. É o caminho que a Igreja precisa seguir no desenvolvimento dos dons espirituais. Sem o conhecimento e uso desse caminho, os dons espirituais não tem qualquer utilidade, ou proveito para Igreja ou reino de Deus. Muito se discutiu sobre dons espirituais; movimentos surgiram em volta do assunto; Igrejas foram divididas; mas sabe-se hoje, que faltou aquela compreensão lúcida do caminho apresentado por Paulo no capitulo 13 de sua 1a carta aos Coríntios. Este caminho é o amor. E ele termina o capitulo dizendo: “Agora permanecem a fé, a esperança, e o amor, estes três; mas o maior deles é o amor. Nesta primeira noite abordaremos o caminho sobremodo excelente, apresentado por Paulo, para o desenvolvimento de nossos dons espirituais, no corpo de Cristo, que é a Igreja.

I- PAULO APRESENTA A SUPREMACIA DO AMOR. (I Cor. 13:1-3)

De vez em quando vemos na TV documentários sobre crianças abandonadas pelos seus pais e que vivem em instituições de caridade; estas crianças são apresentadas profundamente tristes, mesmo que tenham alguma condição (abrigo, roupas, alimento, carinho..). Com o tempo tornam-se doentes, e perdem a vontade de viver. E a principal razão para isso é a falta de amor. Um desses documentários mostrou os verdadeiros milagres acontecidos em algumas dessas crianças, quando adotadas por uma família afetuosa. Estas crianças foram transformadas. Isso representa mais uma evidência de como o amor é importante para se ter uma vida saudável. Experiências mostram que crianças hospitalizadas ficam mais rapidamente curadas quando os pais estão perto, tocando ou acariciando. Ao passo que crianças que não se sentem amadas levam mais tempo para sair de estados de risco. Da mesma forma idosos que se sentem amados vivem mais tempo. Na Igreja de Corinto faltava o amor e companheirismo nos relacionamentos. Eles eram amados por Deus, mas não estavam demonstrando amor uns para com os outros. Havia divisão, contenda, e competição. Alguns se achavam mais espirituais do que os outros; isso não quer dizer que eles eram frios, ao contrário, havia grande atividade na Igreja, os cultos eram animados, os dons eram praticados com entusiasmo, mas o amor não estava sendo a motivação maior de suas ações. O termo AGAPE, traduzido por amor, não era usado antes do novo testamento. Foram os cristão que o tomaram e fizeram deste termo, a sua palavra característica para amor. Eles adaptaram esta palavra nova para pregar uma nova idéia. Isso foi uma mudança inacreditável, saíram do olho por olho e do dente por dente para o AGAPE. Era uma palavra revolucionária. Era o amor dedicado aos totalmente indignos. É o amor que nada busca para si, mas somente o bem daqueles que amamos, como disse o apóstolo João “Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou seu Filho como propiciacão pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.” I Jo. 4:10,11. Paulo mostra aos Coríntios que os dons tão apreciados por eles, se tornariam infrutíferos se não fossem fundamentados e motivados pelo amor. Eles podiam falar línguas humanas e celestiais, ter o maravilhoso dom de profecia, conhecimento e fé, ou mesmo estar imbuídos de um espírito de sacrifício que os levasse até o martírio; todavia, se estes dons admiráveis, não estivessem acompanhados do amor, seriam vazios e inúteis, não teriam nenhum proveito. Os crentes de Corinto achavam que as pessoas possuidoras de certos dons, eram pessoas extremamente importantes. E Paulo, ousadamente, afirma que, mesmo que eles tenham os mais altos dons, mas lhes falte o amor, não só eles são insignificantes, mas na verdade são nada…pois fazer tudo com amor é o que torna alguém grande no reino de Deus. Infelizmente, a compreensão de muitos crentes atuais, sobre os dons é a mesma que os Coríntios possuíam, e que foi condenada por Paulo. A grandeza não está na pessoa que tem o dom, mas na forma que este dom é usado. Se os dons espirituais não forem desenvolvidos na base do amor, nenhum sentido tem para o reino de Deus.

II- PAULO APRESENTA AS VIRTUDES DO AMOR. ( 4-6)

A palavra amor pode ser vazia, como tantas vezes acontece em nossa cultura. No cinema, na TV, no teatro ou na literatura, o amor pode significar muitas coisas; as vezes tem uma conotação meramente sexual. Mas Paulo deu um conteúdo ao amor; abordou 15 qualidades, sendo 8 negativas e 7 positivas O amor é paciente, não perde o domínio, mas suporta. O amor é benigno, dá-se ao serviço em favor do próximo. O amor regozija-se com a verdade, não é indiferente ao erro. O amor tudo sofre, não recua facilmente, mas resiste. O amor tudo crê, procura sempre ser o melhor. O amor tudo espera, recusa-se a tomar o fracasso como final. O amor tudo suporta, não se deixa esmorecer, mas continua a lutar. O amor não arde em ciúmes, competição, rivalidade,desejo de possuir algo de outrem. O amor não se ufana, não é vaidoso, não se envaidece. O amor não se ensoberbece, não é orgulhoso, preocupa-se em dar-se e não em afirmar-se. O amor não se conduz inconvenientemente, sempre age com cortesia e generosidade. O amor não procura seus próprios interesses, não é egoísta. O amor não se exaspera, não é predisposto a ofender-se, está sempre pronto a pensar o melhor das pessoas. O amor não se ressente do mal, não abriga qualquer sentimento de ofensa em seu coração. O amor não se alegra com a injustiça, isto é, não sente prazer com o infortúnio dos outros. Estas virtudes do amor precisam ser colocadas em prática no dia a dia da vida cristã. E se isso fosse observado pelos crentes, não teríamos tantos problemas na Igreja. Gasta-se mais tempo resolvendo problemas de relacionamento do que na evangelização. A fraqueza da Igreja está na ausência das virtudes do amor. A prática dos dons espirituais sem as virtudes do amor não faz nenhuma diferença na sociedade.

III- PAULO APRESENTA A ETERNIDADE DO AMOR. ( 8-13)

O amor Jamais acaba; ao contrário dos dons, por excelentes que sejam….terão fim com nossa inexistência terrena. Assim como o que é parcial e limitado dará lugar ao que é perfeito; assim como a meninice será substituída pela maturidade; e assim como as coisas obscuras darão lugar ao pleno conhecimento; o AMOR subsistirá para sempre, mesmo quando a fé e a esperança não forem mais necessárias. Só Deus, pelo exemplo de seu filho, e pela atuação de seu Espírito, pode nos ensinar a conhecer e praticar o verdadeiro amor. A prática do amor precisa, portanto, ser aprendida aqui e agora. Pois na eternidade você não precisará dos dons espirituais, eles servirão apenas para sua vida terrena; para aperfeiçoamento e crescimento do corpo de Cristo; devem ser usados agora. Na eternidade nem mesmo a fé e a esperança serão necessárias—só o amor permanece.

Conclusão

Nesta apresentação que Paulo faz do caminho sobremodo excelente para o despertamento dos dons espirituais, nos mostra a importância dos relacionamentos na vida cristã. Somos chamados para estabelecermos ligações significativas com O DEUS trino, e uns para com os outros. Isso aponta para duas grandes necessidades que existem no ser humano: 1- A necessidade de ser amado, de receber amor. 2- A necessidade de amar, de expressar o amor. E em Cristo ambas as necessidades são satisfeitas. Cristo advertiu ao falar sobre o futuro da Igreja: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” Mateus 24:12. Não deixemos que isso aconteça conosco. Temos todos os recursos, incentivos e exemplos para que isso não aconteça. O maior de todos os dons é o amor, e deve ser buscado por todos com zelo. Sem amor perdemos a identidade no mundo…”Se não tiver amor, nada serei” I Cor. 13:2b e “Se não tiver amor, nada disso me aproveitará” I Cor. 13:3b. Posso ter tudo; posso ser tudo, mas se não tiver amor, diante de Deus nada serei. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor nada serei….Ainda que eu tenha o dom de profecia e conheça todos os mistérios e toda ciência, se não tiver amor, nada serei….Ainda que eu tenha fé, a ponto de transportar os montes, se não tiver amor nada serei…..Sem amor, perde-se a identidade no mundo, sem amor não temos qualquer valor e o que fazemos não tem qualquer sentido para o reino de Deus. O amor não é uma recompensa que se dá aos bons, mas é uma disposição que nasce de Deus no coração daqueles que se voltam para fazer alguém feliz. “Se vos amardes uns aos outros…o mundo saberá que sois meus discípulos” O amor é o caminho para o despertamento dos dons espirituais em nossas vidas. Enquanto a Igreja não andar por esse caminho nada conseguirá fazer no mundo.

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