Ananias e Safira

INTRODUÇÃO:

1. Ao criar sua Igreja, Jesus tinha em mente uma Igreja forte, imbatível, mas também uma Igreja pura, imaculada. Paulo fala deste objetivo em Ef 5.25-27, “25 …como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, 26 Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.

2. Porém, certas atitudes dos filhos de Deus, maculam, distorcem a natureza da Igreja. No texto lido, observamos dois elementos, que em razão de sua visão distorcida do Reino de Deus, tentaram macular a simplicidade e sinceridade que deve permear a vida da Igreja.

3. Deus não tolera os pecados contra a Igreja e age de forma implacável. Vejamos hoje “ALGUNS PECADOS QUE PODEM TRAZER SÉRIOS RISCOS ÀQUELES QUE OS ALIMENTAM”:

I – UM COMPORTAMENTO DISTORCIDO ACERCA DA CONTRIBUIÇÃO PARA A OBRA DE DEUS

1. Ananias e Safira, quiseram usar sua contribuição, como um meio de promoção pessoal dentro da Igreja. Gostaram da idéia de serem destacados no meio dos irmãos, pelo valor monetário, pela quantidade de sua oferta.

a. Certamente, ficaram com inveja ao ver como a Igreja reagira ao receber a contribuição do irmão Barnabé, quando ele trouxe uma significativa oferta, At 4.36-37, “36 Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da consolação), levita, natural de Chipre, 37 Possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos”.

b. Quiseram fazer o mesmo, para receber uma “justa homenagem”, Vs. 1-2, “1 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, 2 E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos”.

2. Porém, Deus não está interessado no “valor monetário” de nossas contribuições, mas sim, em nossa motivação correta ao contribuirmos para seu Reino. Vejamos alguns exemplos na Palavra de Deus:

a. A contribuição dos “ricos e da viúva pobre”, Mc 12.41-43, “41 E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. 42 Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. 43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro”.

a.1. Enquanto os ricos davam de suas sobras, a viúva deu tudo o que tinha. Enquanto os ricos davam para ser observados pelos outros, a viúva deu com seu coração, ainda que correndo o risco de ser ridicularizada pela insignificância de sua oferta aos olhos dos homens.

a.2. Ao contribuirmos com nossos dízimos e ofertas para a Casa de Deus, devemos fazê-lo de todo o nosso coração e não para sermos destacados no meio dos irmãos. Os ricos davam querendo ser notados, a viuva não podia ser notada considerando-se a quantidade de sua oferta. Porém Jesus se agradou a oferta da viuva e desagradou da oferta dos ricos, em virtude da motivação errada de suas contribuições.

b. Esta foi a razão, porque Deus recebeu a oferta de Abel, e rejeitou a oferta de Caim, Gn 4.3-5, “3 E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. 5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante”.

b.1. A razão pela qual Deus teria rejeitado a oferta de Caim tem sido alvo de questões teológicas, chegando alguns a achar que Deus recebeu a oferta de Abel em virtude do sacrifício de sangue (sacrifício de ovelhas), enquanto que rejeitou a oferta de Caim porque ofereceu produtos da terra (cereais e frutas).

b.2. Porém a rejeição de Deus à oferta de Caim foi em razão de seu desleixo, de sua maneira superficial em sua aproximação do Senhor. Tudo quanto dermos ao Senhor, deve ser dado de coração, Cl 3.23, “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens”.

c. A contribuição deve ser expontânea, e nunca motivada por qualquer pressão externa, II Co 9.7, “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”. Jamais devemos contribuir para Deus por qualquer constrangimento, acompanhando o leilão de ofertas que hoje é muito comum em certas igrejas.

d. Cumpridas as exigências da motivação correta para nossas contribuições no Reino de Deus, devemos dizer que o valor monetário de nossas contribuições, só tem valor no sentido de “semente”. Quanto mais plantarmos, mais colheremos, 2 Co 9.6, 10, “6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. 10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça”. Se você pode dar mais, dê mais, porque você estará colhendo na medida em que você semear.

e. Nossas contribuições feitas de forma correta, glorificam a Deus, 2 Co 9.12-13, “12 Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus. 13 Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles, e para com todos”.

3. Deus não se agrada, e até mesmo abomina, quando queremos fazer de nossas contribuições, um trampolim para nossa exaltação pessoal, ou status no meio dos irmãos. Vamos contribuir, usando a motivação correta.

II – UM COMPORTAMENTO DISTORCIDO ACERCA DA MENTIRA

1. Para levarem seu plano adiante, Ananias e Safira, precisavam bolar uma “mentirinha genial”. Era uma mentira que não iria prejudicar ninguém, afinal o dinheiro que iriam dar cobriria tudo, uma vez que os “fins justificam os meios”. Estavam dando uma “grande oferta” para Deus, e uma pequena mentira, não faria mal algum, Vs. 1-2, “1 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, 2 E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos”.

2. Quantos filhos de Deus têm sido vítimas de Satanás, e sua artimanhas, porque suas bocas proferem “mentirinhas”, que não fazem mal a ninguém? A Palavra de Deus, nos alerta contra a mentira de uma forma severa:

a. O Diabo é o “Pai da Mentira”, ainda que o mentiroso não admita tal fato, Jo 8.44, “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”. O grande autor da mentira é Satanás, e todos aqueles que vivem na mentira, estão servindo a ele, tendo a recompensa de tê-lo como pai.

b. A mentira tem uma afinidade com o engano e tapeação. Ananias e Safira, quiseram enganar e tapear os apóstolos, porém um coração que age assim, é uma presa fácil de Satanás, Vs. 3, “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?”.

c. Foi assim com Judas, o traidor de Jesus. ao traí-lo com um beijo, ficou confirmado o engano e a mentira, o que proporcionou a entrada do Diabo em seu coração:

c.1. Jo 13.2, “E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse”. A traição de Judas ao Senhor começou quando ele permitiu que o Diabo falasse ao seu coração. Devemos lembrar que a tentação ocorre primeiramente na mente e só depois de alimentada desce ao coração, Tg 1.14-15, “14 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. 15 Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.

c.2. Lc 22.3, “Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze”. Aqui a Palavra nos declara que Satanás já havia “entrado em Judas”. Judas começou a articular, juntamente com os principais da religião, um ato de falsidade e mentira para trair Jesus. Foi por esta razão que o Diabo “entrou nele”. Temos aqui um tipo de “falsidade premeditada”, “mentira consciente”, que acaba sendo um veneno em nosso relacionamento com Deus.

c.3. Lc 22.47-48, “47 E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar. 48 E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?” Entramos neste trecho a consumação do ato da traição que terminou com a morte de Jesus na cruz, e consequentemente com o suicídio de Judas para sua própria condenação e desgraça, Mt 27.3-5, “3 Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, 4 Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. 5 E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar”.

c. A mentira era tratada de forma muita séria no AT, que a falsa testemunha, quando apanhada em sua mentira, recebia a mesma pena que estava sendo imposta ao réu, Dt 19.17-20, “17 Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juizes que houver naqueles dias. 18 E os juizes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente contra seu irmão, 19 Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti. 20 Para que os que ficarem o ouçam e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti”.

3. O crente verdadeiro, é amigo da verdade, não fica apoiando mentiras, fala somente o verdade, Mt 5.37, “Seja o vosso falar sim, sim e não, não, o que disso passar vem do maligno”.

III – UM COMPORTAMENTO DISTORCIDO ACERCA DA ONISCIÊNCIA DE DEUS

1. Ananias e Safira, foram infantis ao tentar encobrir a verdade dos apóstolos. Mal sabiam eles que os olhos de Deus, acompanhavam toda a maquinação do plano diabólico. Talvez, conversaram: “Ninguém vai saber, fica só entre nós”. Puro engano! Ao mesmo tempo da trama, o Espírito Santo, estava revelando tudo a Pedro. Que surpresa para eles! Veja a ocorrência dos fatos:

a. A Morte de Ananias, Vs. 3-5, “3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? 4 Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. 5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram”.

b. A morte de Safira, Vs. 7-10, “7 E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. 8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto. 9 Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti. 10 E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido”.

c. Caíram no mesmo pecado de Acã, Js 7.

2. Há um grande erro no meio do povo de Deus, em achar que Deus não está atento às nossas ações. Vejam o que a Palavra de Deus nos fala sobre isto:

a. Jó 34.21, “Nada escapa aos olhos de Senhor”. Eles estão atentos a todos os nossos atos.

b. Sl 139.1-12, “1 Senhor, tu me sondaste, e me conheces. 2 Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. 3 Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. 4 Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces. 5 Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. 6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. 7 Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? 8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, 10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. 11 Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. 12 Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa”. Pontos:

b.1. Deus conhece, não só minhas palavras, mas os meus pensamentos e as intenções do meu coração. É puro engano achar que nossas intenções malignas, ficam escondidas de Deus.

b.2. Fisicamente, também, não há como nos esconder de Deus, pois sua presença, está em todos os lugares. Deus está na maior altura, nas profundezas do mar, nas profundezas da terra, nos confins do universo, etc.

c. Deus não somente me “conhece”, mas também me “vê”, Jr 12.3, “Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; arranca-os como as ovelhas para o matadouro, e dedica-os para o dia da matança”.

CONCLUSÃO

1. Quando nossas motivações e visões estão distorcidas, certamente nossos caminhos acompanharão nossas visões. As conseqüências, são desastrosas.

2. Ananias e Safira morreram fisicamente, e é possível que morreram também espiritualmente, Hb 10.31, “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo”.

3. Devemos ter em mente que o fruto colhido será sempre do mesmo tipo e natureza da semente plantada, Gl 6.7-8, “7 Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. 8 Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”.

4. Vamos fazer uma correção nos nossos caminhos. Deus quer um concerto contigo nesta noite.

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