Os efeitos do Pentecostes

1. Primeiro efeito: Um sermão com resposta.

Sempre que leio Atos 2, o relato do Pentecostes, sinto meu coração também compungido, quebrantado, pois o poder de Deus foi tão arrebatador na vida de Pedro e na pequena comunidade cristã, que o resultado de sermão de Pedro foi uma visível resposta, qual seja, pessoas quebrantadas, confrontadas com seus pecados, desejosos de um novo rumo, a resposta em forma de pergunta foi ilustrativa: “Que faremos irmãos?” Hoje, quando a Igreja não consegue falar ao povo, ela busca respostas em livros de auto-ajuda, em videntes, macumbeiros, ou soluções imediatas e sem compromisso do neo-pentecostalismo. Não podemos seguir pregando sermões que não produzam respostas, sermões que não quebrantem o coração das pessoas, gerando arrependimento sincero e mudança de vida. Sermão com resposta tem um resultado visível, um efeito do poder de Deus trazido pelo Pentecostes à Igreja. Por isso, precisamos de um novo e diário Pentecostes, que faça arder nosso coração, quebrantando e salvando nossos ouvintes, como os 3.000 do dia de Pentecostes.

2. Segundo efeito: “Perseveravam na doutrina dos Apóstolos…” (Atos 2.42)
Vivemos numa sociedade globalizada, onde o grande poder, porque não dizer o grande deus deste século, é o mercado, o dinheiro, o lucro. Sua autoridade faz com que outros valores sejam desprezados, tudo em favor do mercado e do lucro. Para isso, todas as coisas precisam se tornar em produtos vendáveis, inclusive a religião. Os valores religiosos hoje são os que mais vendem. Exemplo: O livro de Brown, O Código Da Vinci, um livro de conteúdo puramente de ficção, que virou filme, e fez do autor um milionário, isto porque trata de valores religiosos, cria um clima falso de que seria um livro histórico, quando não é, carece de legitimidade histórica, mas é sobre a Igreja, sobre dogmas, causa interesse e vende muito. Sobre a capa de religião, rompe-se com valores, liquidando-os. Tudo pelo lucro.

Por que falo isto? Porque as doutrinas dos Apóstolos deixaram de ser fundamentos, verdades inabaláveis da fé cristã, para serem transformadas em produtos de mercado, e, assim, novas doutrinas precisam ser inventadas, criando nas pessoas o desejo de consumi-las, comprá-las. Os temas são os mais dispares: doutrina da prosperidade, com enfoque equivocado, doutrina da fé positiva, doutrina do governo dos 12, doutrina da nova dispensação apostólica, etc… Com isto, as doutrinas fundamentais, bíblicas e apostólicas são postas de lado. A mensagem de Jesus, do Reino que está entre nós, precisa crescer em justiça e verdade; a mensagem do arrependimento, do novo nascimento, da justificação pela fé e da santificação (sem a qual ninguém verá o Senhor. Cf. Hb 12.14) caem em desuso, a preocupação com o destino eterno da alma humana desaparece completamente, a questão é: Como sobreviver nesta sociedade de mercado violento e desumano? É a religião, a fé apostólica sendo desfigurada em favor do mercado religioso. Voltemos aos fundamentos, voltemos a velha história, como nos ensina o hino H.E. 216:
Conta-me a velha história
Que fala ao coração,
De Cristo e sua Glória,
De Cristo e seu perdão!

Ou ainda o conselho de Paulo a Timóteo, conforme podemos ver: “Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. Ordena e ensina estas coisas.” (1Tm4. 6-11).

Este, sim, é um efeito do Pentecostes. Busquemos traduzir estes efeitos.

3. Terceiro efeito – Resistência a mentira e corrupção.
Saltei alguns efeitos na seqüência do texto de Atos dos Apóstolos, isto porque o momento nacional pede que falemos de ética e honestidade.

O exemplo que uso é o desastroso testemunho de Ananias e Safira (cf. Atos 5.1-11). Vejamos o que o Espírito Santo começou a fazer no campo do dinheiro e da propriedade: “Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum.” (Atos 2.44).

Aqui, aponta que o Pentecostes uniu a Igreja. É de natureza do Espírito Santo unir os que são salvos, e os que experimentam o amor do Senhor e o poder do Espírito Santo. Esta unidade produz um só coração, uma só alma, transparência entre os irmãos/ãs, sensibilidade com as necessidades uns dos outros. A noção de bens pessoais , propriedade privada, caiu para um segundo plano; a prioridade eram as necessidades do Corpo de Cristo, por isso, tinham tudo em comum. Para realizar isto, vendiam suas propriedades, distribuíam os recursos conforme as necessidades. Isto já representou uma grande ruptura numa sociedade de modelo escravista como a romana, com a corrupção de uma elite em torno do templo que expropriava de muitas formas o povo.

Mais adiante, em Atos 4.32-35, no texto que repete que nenhum necessitado havia entre eles, que em exegese chamamos de síntese preparatória da narrativa que sucede, que são o ato de Barnabé (cf. Atos 4.36-37), de vender um campo e doar tudo a comunidade, ilustrado na expressão “aos pés dos apóstolos”. E para mostrar que nem tudo era tranqüilo e pacífico, surge em paralelo a narrativa de Ananias e Safira. Eles, conforme Pedro disse, deixaram Satanás entrar em seu coração (cf. At 5.3), trazendo a mentira, dissimulação e o engano, corrompendo o clima de unidade, comunhão de necessidades e propósitos criados pelo Espírito no íntimo da Igreja. Hoje, quando aviso e exorto às igrejas locais e pastores sobre a prática do caixa dois, campanhas financeiras, que muitas vezes desviam o dízimo para receitas paralelas, visando diminuir o dízimo dos dízimos que seria enviado para o orçamento missionário da região, eu estou fazendo uma advertência espiritual, o autor da dissimulação e do engano é o Diabo, sob o pretexto de que precisamos investir na congregação e outros, caímos no jugo que Ananias e Safira caíram, de tentar fazer que sua oferta parecesse aquilo que não era, ou seja, o total da venda da propriedade. Como alguns ainda hoje procuram fazer, parecer que dão o dízimo, quando na verdade não o fazem. O trágico é se isto é assumido pela liderança espiritual de uma comunidade, confio que não estamos fazendo isto, porque seria uma tragédia, abriríamos uma brecha, e daríamos legitimidade ao Diabo.

Hoje o clima de engano e corrupção que se instalou no país é fruto da mentira, da ausência de fundamentos éticos com seus valores permanentes. Ananias e Safira receberam a morte como punição. O governo brasileiro, na verdade o povo brasileiro, está pagando caro com isto tudo. Precisamos radicalizar nossa pregação em favor da honestidade, da ética, de vidas íntegras e santas. Pois, este, também foi um efeito do Pentecostes. Afinal ouçamos a advertência de Jesus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5.16)

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