A unção da pecadora

A história que acabamos de ler foi registrada apenas pelo evangelista Lucas, embora alguns estudiosos da Palavra de Deus acham que ela possa ser a mesma registrada pelos outros evangelistas, conforme Mc 14;3-9; Mt 26.6-13; Jo 12.1-8, onde temos “A unção de Maria de Betânia”.

Lucas registrou esta história a fim de esclarecer os sentimentos que havia por detrás das acusações contra Jesus de que ele era “um glutão, bebedor de vinho e amigo de publicanos e pecadores”, Lc 7.34. O fato é que os judeus haviam feito esta acusação, elaborando um plano sinistro para dar a entender que Jesus não só se associava a estas pessoas, mas também compartilhava da natureza delas. Na verdade, queriam mostrar eles, que Jesus vivia às voltas com este tipo de gente, porque era como um deles.

Lucas, então, escreve esta seção, como o intuito de mostrar qual era exatamente a natureza dos contatos de Jesus com tais pessoas. Ele deseja mostrar a amizade verdadeira que Jesus oferecia, pura, simpática e como ele se interessava pelos párias sociais e religiosos.

Veja o que Jesus disse: Mt 9.11-12, “11 E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes”.

Deste registro de Lucas (Lucas-7.36:48), podemos extrair:

“Algumas Verdades Observadas Na Atitude e Nas Palavras de Jesus”:

I – JESUS NÃO FAZIA ACEPÇÃO DE PESSOAS

Vs. 36, “E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa”.

1. Os fariseus representavam a classe de religiosos que tentava servir a Deus através de práticas que não O agradavam. Eram eximes conhecedores da Lei e das Escrituras. Tentavam mostrar uma conduta irrepreensível.

2. Contudo, eram religiosos somente na aparência e por esta razão em muitas ocasiões, foram severamente advertidos por Jesus:

a. Foram advertidos quanto à sua prática da oração, Mt 6.5, “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”.

b. Foram advertidos quanto à sua prática de dar esmolas, Mt 6.2, “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”.

c. Foram advertidos quanto à sua prática de jejum, Mt 6.16, “E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”.

3. Porém, jamais Jesus discriminou pessoas. Nós o vemos aqui entrando na casa de Simão, o fariseu, de uma forma amigável. Vejamos alguns exemplos de como Jesus mantinha relacionamento com toda classe de pessoas, sem fazer qualquer discriminação:

a. Dava atenção a prostitutas, Vs. 39, “Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”.

b. Recebia publicanos e pecadores, Lc 15.1-2, “1 E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles”.

Os publicanos eram uma classe de pessoas que em função da atividade que exerciam (cobradores de impostos de seu povo a favor do Império Romano), eram odiados de sua gente. Os pecadores eram as prostitutas, os beberrões, etc..

Deu atenção a Zaqueu, um publicano, Lc 19.7, “E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador”.

Ele veio exatamente para salvar os pecadores, Lc 19.10, “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.

4. Como Filhos de Deus, gerados em Cristo Jesus, devemos também praticar a não acepção de pessoas, Tg 2.1-5, “1 Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. 2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, 3 E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, 4 Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juizes de maus pensamentos? 5 Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”

5. Porém, isto não quer dizer que Jesus pactuava com o pecado. Embora ame o pecador, detesta o seu pecado e foi para isto que Ele veio, ou seja, para salvar o homem de seus pecados, Mt 1.21, “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”.

II – JESUS NÃO SE ILUDE COM A APARÊNCIA DOS ATOS DE CULTO QUE A DEUS SÃO OFERECIDOS, PORQUE CONHECE A NATUREZA DO HOMEM

Vs. 37-39, “37 E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; 38 E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento. 39 Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”.

1. Aos olhos do fariseu, aquela mulher não poderia sequer aproximar-se de Jesus, quanto mais tocar nos seus pés? Pois, ela era uma mulher de baixa reputação, uma vez que era uma prostituta. Já vimos que Jesus, não discriminava qualquer pessoa.

2. Porém, irmãos, o que está em evidência aqui, é que a natureza do ato externo daquela mulher, era uma demonstração de algo que o Espírito Santo estava operando dentro dela. Provavelmente, ela estava reconhecendo Cristo como Senhor e Salvador, e seus pecados estavam sendo perdoados e purificados por Ele.

3. Através desta operação do Espírito Santo em seu coração, ela agora estava em condições de oferecer aquele ato de culto ao Senhor. Jesus jamais foi iludido pelas aparências externas:

a. Porque sabia o que havia no homem, Jo 2.23-25, “23 E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. 24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; 25 E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”.

b. Porque Ele olha para o coração, 1 Sm 16.7, “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”.

c. Porque Ele olha para além de um ato religioso – veja como Ele aceita a oferta de uma viúva pobre, Lc 21.1-4, “1 E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; 2 E viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; 3 E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; 4 Porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha”.

4. Deus conhece seu coração. Ele pode saber quais são as usas reais intenções, quando você vem cultuá-lo, Hb 4.13, “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”.

III – JESUS PERDOA NOSSOS PECADOS E POR ESTA RAZÃO, TEMOS UMA DÍVIDA DE GRATIDÃO E AMOR PARA COM ELE

Vs. 40-48, “40 E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. 41 Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. 42 E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? 43 E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos. 45 Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento. 47 Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. 48 E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados”. Alguns pontos aqui:

1. Sobre o Perdão. A Palavra de Deus, nos ensina que não há limites para o perdão divino. Não importa o seu grau de envolvimento com o pecado, Deus perdoa qualquer pecado. Não importa o quanto sua vida esteja suja, pois o sangue de Cristo te lava, te limpa de qualquer sujeira produzida pelo pecado. Veja Alguns textos da Palavra de Deus:

a. Is 55.7, “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.

b. Jr 33.7-8, “7 E removerei o cativeiro de Judá e o cativeiro de Israel, e os edificarei como ao princípio. 8 E os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim; e perdoarei todas as suas maldades, com que pecaram e transgrediram contra mim”.

c. Jo 1.29, “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

2. No que tange ao pecado, Deus é poderoso para tratar com qualquer tipo de pecado em tua vida. Porém, Jesus ensinou algo mais profundo. Ele diz que quanto maior for o envolvimento do homem com o pecado, depois de perdoado, este homem tem a probabilidade de amá-lo mais intensamente:

a. Realmente, é o que temos encontrado na Palavra de Deus:

a.1. Zaqueu, Lc 19.8-10, “8 E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. 9 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.

a.2. Maria Madalena:

Ela Esteve Junto à Cruz Nos Momentos Finais do Senhor – Mt 27.55-56, “55 E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir; 56 Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”.

Foi a Primeira a Chegar no Sepulcro No Dia da Ressurreição -Mt 28.1, “E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro”.

Foi a Primeira Que Viu o Senhor Ressuscitado – Mc 16.9, “E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios”.

3. Com tem sido sua gratidão e amor a Deus?

CONCLUSÃO:

1. Como tem sido nosso culto a Deus? Temos dado o melhor de nossas vidas para Deus? Lembre-se que a mulher pecadora derramou sobre os pés de Jesus algo muito precioso.

2. Como têm sido nossas intenções no culto a Deus? Será que não estamos fazendo tudo mecanicamente, como também faziam os fariseus e os escribas?

3. Qual é o grau de nosso amor a Deus? Temos realmente tem amado ao Senhor, em gratidão ao seu amor por nós? Rm 5.8, “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.

José Antônio Corrêa

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