Em busca da Canaã

INTRODUÇÃO:

1. Estaremos hoje, acompanhando o início da caminhada do povo de Israel em busca da Terra de Canaã, que foi prometida aos patriarcas nas alianças celebradas pelo Senhor. Vejamos alguns exemplos de como Deus fez a promessa:
a) A Abraão, Gn 13.17, “Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a [darei a ti]”. Ver também Gn 13.15, “…porque toda esta [terra] que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”.
b) A Isaque, Gn 26.3, “…peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai”.
b) A Jacó, Gn 28.13, “por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a [darei a ti] e à tua descendência”.
2. Deus prometeu a terra, porém havia necessidade de sair em busca dela e conquistá-la. O texto da palavra de Deus que lemos nos mostra o início da caminhada do povo, que deixa o Egito, onde por quatrocentos anos servira como escravo, em demanda à Terra da Promessa.
3. Logo no início desta caminhada, aparecem obstáculos que precisam ser rompidos, obstáculos esses que ameaçam a trajetória do povo, sob o risco de até mesmo, desejarem voltar ao Egito, que era naquela época símbolo do mundo sob o controle de Satanás.

QUEREMOS ANALISAR ALGUNS OBSTÁCULOS VENCIDOS PELO POVO DE DEUS QUANDO ESTAVA EM DEMANDA À TERRA DE CANAÃ:

I – O CAMINHO DA GUERRA (FILISTEUS)

Êx 13.17
“Ora, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, se bem que fosse mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte para o Egito”.
1. Os filisteus eram um povo que neste tempo habitava uma estreita faixa litorânea (Mar Mediterrâneo) entre o Egito e Gaza, sendo provável que o nome moderno “Palestina”, tenha sido derivado dos vocábulos “filistia” – hb. “pelesheth” e “filisteus” – hb. “pelishtim”.
2. Quanto à sua origem os filisteus provavelmente seriam descendentes dos Casluim, do filho de Mizraim (Egito), filho de Cão, conforme nos mostra a genealogia de Gn 10.14: “Patrusim, Casluim (donde saíram os filisteus) e Caftorim”. Uma outra versão nos diz que teriam vindo Caftor, Am 9.7, “…não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e aos filisteus de Caftor, e aos sírios de Quir?” Devemos lembrar que Caftor era também filho de Mizraim, filho de Cão, Gn 10.14.
3. Os filisteus eram um provo tremendamente agressivo, como destacamos:
a) No tempo dos juizes. Basta lembrar que os maiores inimigos de Sansão e consequentemente do povo de Deus foram os filisteus. Lembrem-se da famosa frase de Dalila: “Os filisteus vêm sobre ti, Sansão!”, Jz 16.9 e ainda da morte de Sansão, quando este matou muitos deles, Jz 16.29-31, “29 Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, arrimando-se numa com a mão direita, e na outra com a esquerda. 30 E bradando: Morra eu com os filisteus! inclinou-se com toda a sua força, e a casa caiu sobre os chefes e sobre todo o povo que nela havia. Assim foram mais os que matou ao morrer, do que os que matara em vida”.
b) No tempo dos reinos.
Reinado de Saul. Saul foi escolhido rei depois de uma vitória contra os filisteus, 1 Sm 1.10, “20 Então Saul e todo o povo que estava com ele se reuniram e foram à peleja; e eis que dentre os filisteus a espada de um era contra o outro, e houve mui grande derrota”. Veja o vs. 52, “52 E houve forte guerra contra os filisteus, por todos os dias de Saul; e sempre que Saul via algum homem poderoso e valente, o agregava a si”.
Reinado de Davi. Não foi Davi que matou o gigante filisteu “Golias”? 1 Sm 17.49-50, “49 E Davi, metendo a mão no alforje, tirou dali uma pedra e com a funda lha atirou, ferindo o filisteu na testa; a pedra se lhe cravou na testa, e ele caiu com o rosto em terra. 50 Assim Davi prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra; feriu-o e o matou; e não havia espada na mão de Davi”. Um outro registro de guerra de Davi com os filisteus está em 2 Sm 5.25, “Fez, pois, Davi como o Senhor lhe havia ordenado; e feriu os filisteus desde Geba, até chegar a Gezer”.
4. Conforme os registros mencionados, podemos dizer que os filisteus sempre afrontaram o povo de Deus com suas investidas bélicas, e por esta razão Deus não permitiu que os israelitas passassem pelo caminho de Canaã, mas os conduziu pelo caminho do deserto. Esta barreira foi vencida estrategicamente pelo impedimento do Senhor!
5. O caminho da guerra deverá ser muitas vezes transposto por nós como povo de Deus em demanda à cidade celestial. Hoje não há desvios! Isto faz com que muitos filhos de Deus sucumbam, temam e tremam diante dos inimigos. Porém devemos lembrar que o Senhor da Guerra está conosco e nos tem dado meios para vencermos a batalha:
a) Recebemos armas compatíveis com as armas de nosso inimigo, 1 Co 10.4, “pois as [armas] da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas”. Ef 6.17, “Tomai também o capacete da salvação, e a [espada ]do Espírito, que é a palavra de Deus”.
b) Podemos vencer as hostes infernais pelo sangue de Cristo e pela palavra do testemunho, Ap 12.11, “E eles o venceram pelo [sangue] do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”.
6. Não vamos nos intimidade diante do caminho da guerra!

II – O CAMINHO PELO DESERTO

Êx 13.18
“… mas Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho; e os filhos de Israel subiram armados da terra do Egito”.
1. Sabemos que o deserto é um lugar onde a vida é muito difícil devido a inexistência de água, alimentos. Somado a isto, o deserto ainda oferece muitos riscos em virtude das tremendas oscilações de temperatura que podem variar de 50 graus durante o dia e a vários graus negativos durante a noite. Outros perigos constantes são as tempestades de areia que dificultam a caminhada e podem até mesmo enterrar os transeuntes, e ainda há o perigo dos amimais peçonhentos que lá vivem.
2. No deserto, o povo de Deus iria ter muitas dificuldades! Como pudemos ver eles teriam: falta de alimentos, água, roupas, a ameaça de serpentes, escorpiões e outros animais nocivos à vida. Porém podiam contar com as intervenções sobrenaturais de Deus para protegê-los e suprir suas necessidades:
a) A necessidade de alimentos foi suprida pelo envio do maná, e pelas codornizes, Êx 16.4, 12-15, “4 Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão do céu; e sairá o povo e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não”. 12 Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes: À tardinha comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus. 13 E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o arraial; e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do arraial. 14 Quando desapareceu a camada de orvalho, eis que sobre a superfície do deserto estava uma coisa miúda, semelhante a escamas, coisa miúda como a geada sobre a terra. 15 E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? porque não sabiam o que era. Então lhes disse Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer”.
b) Veja como foi o suprimento de Água, Nm 20.7-8, 11 “7 E o Senhor disse a Moisés: 8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, que ela dê as suas águas. Assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. 11 Então Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu água copiosamente, e a congregação bebeu, e os seus animais”. Ver ainda Is 48.21, “…e não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr [água da rocha]; fendeu a rocha, e as águas jorraram”.
c) Livramento de animais peçonhentos, Dt 8.15, “que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras e de escorpiões, e de terra árida em que não havia água, e onde te fez sair [água da rocha] pederneira;
d) Vestes, Dt 8.4, “Não se envelheceram as tuas [vestes] sobre ti, nem se inchou o teu pé, nestes quarenta anos”.
3. Quando confiamos no Senhor, mesmo em meio aos desertos da vida seremos protegidos e abençoados por ele. Atente para o testemunho de Paulo, 2 Tm 3.11, “as minhas perseguições e aflições, quais as que sofri em Antioquia, em Icônio, em Listra; quantas perseguições suportei! e de todas o Senhor me [livrou]”.

III – O EXÉRCITO DE FARAÓ

Êx 14.6-7
“6 E Faraó aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; 7 tomou também seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito, e capitães sobre todos eles”. Podemos dizer que o exército de Faraó representava o exército satânico que sempre investe contra os filhos de Deus”.
1. Como podemos ver, Faraó tinha neste tempo um forte exército! Tão logo os filhos de Israel saíram do Egito, o rei arregimentou um destacamento composto de seiscentos carros, munidos de seus capitães, além muitos soldados.
2. Esta foi uma ameaça terrível! O povo de Deus foi tomado de pavor, quando viu o exército se aproximando. Houve uma forte murmuração contra Moisés, Vs. 10-14, “10 Quando Faraó se aproximava, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios marchavam atrás deles; pelo que tiveram muito medo os filhos de Israel e clamaram ao Senhor: 11 e disseram a Moisés: Foi porque não havia sepulcros no Egito que de lá nos tiraste para morrermos neste deserto? Por que nos fizeste isto, tirando-nos do Egito? 12 Não é isto o que te dissemos no Egito: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto. 13 Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca mais tornareis a ver; 14 o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis”.
3. Porém pudemos ver o exército faraônico sucumbir diante da ação do Senhor no meio do mar, Êx 14.26-28, “26 Nisso o Senhor disse a Moisés: Estende a mão sobre o mar, para que as águas se tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. 27 Então Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram de encontro a ele; assim o Senhor derribou os egípcios no meio do mar. 28 As águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros, todo o exército de Faraó, que atrás deles havia entrado no mar; não ficou nem sequer um deles”.
4. Hoje, como filhos de Deus enfrentamos os exércitos satânicos, numa luta que não é corporal, física, mas espiritual, como podemos demonstrar:
a) Nossos Inimigos, Ef 4.12, “12 pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes”. Muitos filhos de Deus tentam resistir aos ataques satânicos fisicamente. Porém a palavra de Deus nos mostra que devemos resisti-lo em espírito”.
c) Nosso Arqui-inimigo, 1 Pe 5.8-9, “Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar. 9 ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo.”
Como deverá ser esta “resistência”?. Mediante a oração em nome de Jesus, repreendendo as ações diabólicas contra nós, por meio da palavra de Deus.
5. Como nossos inimigos são espirituais, devemos combatê-los também com armas espirituais. Para isso Deus nos aparelhou com:
a) Vestimentas Especiais, Ef 6.11, 13-15, “11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo. 13 Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes. 14 Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, 15 e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz”.
b) Armas Poderosas, 2 Co 10.3-5, “3 Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne, 4 pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; 5 derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo”. Ver ainda Ef 6.16-17, “16 tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. 17 Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. Como nosso combate é espiritual, Deus nos deu também “armas espirituais”, como a Palavra de Deus e a oração em nome de Jesus”.

IV – O MAR

Êx 14.9
“Os egípcios, com todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e o seu exército, os perseguiram e os alcançaram acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom”.
1. Quando o exército de Faraó foi visto, o povo de Israel estava acampado “junto ao mar”, encurralado e sem saber que rumo tomar. Esta é a situação de muitos filhos de Deus! O mar aqui se constitui um obstáculo a ser rompido. Mas de que forma? Como lançar ao mar uma multidão de mulheres, crianças e velhos? Quantos barcos e navios seriam necessários?
2. Novamente, pudemos ver a ação do Deus que rompe quaisquer obstáculos à frente de seu povo, Vs. 15-16, “15 Então disse o Senhor a Moisés: Por quê clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem. 16 E tu, levanta a tua vara, e estende a mão sobre o mar e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco”. Mais adiante Moisés cumpre a ordem de Deus, e o milagre acontece, Vs. 21.22, “21 Então Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca, e as águas foram divididas. 22 E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda”.
3. Ainda hoje, Satanás, nosso adversário procura colocar diante de nós “mares” na tentativa de frustrar nossa caminhada à terra prometida, à Canaã Celestial. Quando isto acontece, devemos clamar ao Senhor que certamente teremos quaisquer obstáculos rompidos! Devemos observar que Deus ouviu o clamor do povo e disse a Moisés: “Por quê clamas a mim? Diga ao povo de Israel que marchem!”
4. Muitos de nós, ficam murmurando e clamando diante da situação conflitante, quando deveríamos marchar sob o comando e a ordem do Senhor. Não podemos nos esquecer que o Deus a quem servimos é o “Deus da Vitória”, o “Senhor da Guerra”, o “Deus dos Exércitos”, o “Rei dos Reis”, o “Senhor dos Senhores” e Ele não nos deixará fracassar.

CONCLUSÃO:

1. Como povo de Deus, sempre teremos muitos obstáculos à nossa frente enquanto estamos caminhando em busca da Canaã Celestial. Assim como Israel foi socorrido pelo Senhor em todas as situações conflitantes, nós também podemos contar com a intervenção divina quando formos acossados, pressionados pelos nossos inimigos espirituais, que não são outros a não ser o diabo e seus demônios.

2. Deus já nos providenciou os meios para vencermos todos os obstáculos que se interporem em nosso caminho. Como nossos inimigos são “espirituais”, recebemos também armas e vestes “espirituais”, para vencermos a batalha. Não nos esqueçamos que somos mais do que vencedores por Cristo, “Mas em todas estas coisas somos mais que [vencedores], por aquele que nos amou”, Rm 8.37.

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