Gratidão: Uma Atitude de Fé no Deus Soberano

Gratidão: Uma Atitude de Fé no Deus Soberano. Nosso texto para sua reflexão em dias de tantas ansiedades

Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.

Deem graças por todas as coisas. Essa é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.

1 Ts 5.18

Introdução:

“Se soubéssemos escutar Deus, ouvi-lo-íamos falar-nos. Deus fala, na verdade. Falou através de seu Evangelho. Fala também através da vida, este suave evangelho cujas páginas escrevemos, nós próprios, uma por dia. Mas, por ser fraca demais a nossa fé, e humana demais a nossa vida, raramente acolhemos a mensagem de Deus. Para ajudar-nos a ouvi-la, no início de nossa vida de amizade com o Cristo, podemos imaginar o que nos diria se ele próprio traduzisse seu Evangelho para os homens de nossa época” (Poemas para Rezar, Michel Quoist).

Transição

Gratidão: (S.F) – qualidade de quem é grato.

  • Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. Hermann Hesse
  • Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida. Sêneca
  • A gratidão é a virtude das almas nobres. Esopo

Numa série de instruções precisas sobre a vida cristã, Paulo insere uma instrução bem simples. Nada complicada de ser entendida (RELER).

Algumas versões trazem a tradução:

– em todas as circunstâncias. – em todas as coisas. – seja o que acontecer

Desenvolvimento

Dar graças do grego eucharisteō. A palavra transliterada para Eucaristia.

Eucaristia significa reconhecimento, ação de graças. Quando Jesus instituiu a Ceia do Senhor e deu graças, ele disse eucaristia.

É um reconhecimento da ação de Deus – agir soberanamente.

O texto diz: em todas as circunstâncias, em todas as coisas.

A pergunta que eu faria é: em quais circunstâncias? Quais todas as coisas?

  • Ilustro com dois episódios bíblicos:
  1. Lucas 17 narra sobre os 10 leprosos que foram curados por Jesus. Apenas um retornou, caindo aos pés de Jesus e com o rosto em terra, dando-lhe graças (eucaristia). E este era samaritano.
  2. Lucas 18 um fariseu orava: O Deus, graças (eucaristia) te dou porque não sou como os demais homens…

Então, em que circunstâncias nós damos eucaristia – ação de graças, reconhecimento que Deus é soberano?

O normal é ser grato em resposta ao recebimento de alguma coisa boa. Ser grato ou por estar em uma situação favorável, ou por ter escapado de algum perigo etc.

A ilustração mais forte é o caso de Jó. Quando o diabo ouve Deus elogiando Jó, a sua resposta não deixa de ser interessante: “Assim, vivendo naquele bem bom, qualquer um seria grato. Seria crente de primeira linha”.

Então o diabo sugere: Coloque-o numa situação adversa e ele deixará de lado toda gratidão. Essa crentice toda se acaba. Conhecemos a história de Jó.

O mandamento de ser grato não tem nada a ver com as circunstâncias.

Tem a ver com o nosso relacionamento com Deus e como nós o enxergamos. As circunstâncias são apenas o ambiente (plataforma) em que esse relacionamento se desenvolve. As circunstâncias não são nem favoráveis e nem desfavoráveis. Simplesmente, porque elas não são a razão principal de eu ser grato.

Se eu sou grato por causa das circunstâncias, logo são elas que governam a minha vida e não Deus. São elas que alteram a minha fala para com Deus!

A razão principal da minha gratidão é a minha submissão ao governo de Deus, crendo no seu caráter que foi revelado a mim na pessoa de Cristo.

Em Cristo Deus infundiu em mim as virtudes de Cristo.

A vontade de Deus é que eu seja agradecido em meio às circunstâncias que eu estou vivendo. Se as circunstâncias vão mudar ou não, não tem a menor importância. EU VOU MUDAR. E quando eu MUDO as circunstâncias mudam porque eu as vejo com os olhos de Cristo.

Talvez a ilustração mais bonita aqui seja a experiência de Paulo ao pedir por três (3) vezes que Deus lhe tirasse o espinho da carne. A resposta de Deus foi que a sua graça seria suficiente.

– Deus não tirou o espinho, mas deu graça para suportar o espinho. Então, Deus tirou o espinho. Paulo vivia com ele, mas ele não o atormentava mais. Tanto que não orou mais sobre o assunto.

Estamos vendo então que gratidão independe das circunstâncias.

É possível ter este sentimento de gratidão em todo o tempo?

Voltemos ao pequeno texto e lemos: Esta é a vontade de Deus.

  • Vontade: A ideia de que Deus quer abençoar a humanidade por meio de Cristo. O que Deus deseja que seja feito por nós. Comando, preceito.

Já emendo no que se baseia, fundamenta a vontade Deus: Jesus Cristo.

Esta é a vontade de Deus. Isto é o que traz satisfação a Deus ao ver que em meio a tantas bênçãos que ele nos oferece (pelas quais também devemos agradecer), quando passarmos por tribulações não respondamos com lamurias e lamentos, mas com agradecimentos, ações de graça.

É em Jesus Cristo a esfera na qual esta vontade de Deus é exibida. Sobre você. Deus pelo dom de seu Filho nos colocou sob a obrigação de perpétua ação de graças. Toda a nossa vida deve ser uma contínua oferta de gratidão por todas as bênçãos da redenção.

Em Cristo Jesus. — Essa bondade e amorosa vontade de Deus para nosso bem foi manifestada mais abundantemente na vida, morte e ressurreição de Cristo Jesus, e até hoje se manifesta principalmente no que Cristo Jesus ainda é para nós.

Portanto, podemos entender que não existe a menor possibilidade de viver uma vida de gratidão aparte da retidão de Cristo que Deus infundiu a nós.

Se, portanto, em meio a circunstâncias favoráveis (do nosso ponto de vista) não somos gratos a nossa retidão é falha. Se, em meio a circunstâncias desfavoráveis (do nosso ponto de vista) não somos gratos, a nossa retidão também é falha.

Pela simples razão de que Cristo não agiria assim.

É possível ter então este sentimento de gratidão? A resposta é um SIM absoluto.

Reflito, todavia, mais sobre a gratidão em tempos de adiversidades (pois são nestas circunstâncias que mais questionamos).

Nessa mesma carta, Paulo diz que enviou Timóteo para visitar a igreja para confortar e exortar acerca da fé “para que ninguém seja abalado por estas tribulações, vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados”. (1Ts 3.3).

Paulo concorda então que as tribulações abalam a vida.

Abalados: Metaforicamente a palavra é usada para o cachorro que abana o rabo. Fica se movendo.

“Perturbar, inquietar”. Voz passiva): “(que ninguém seja) seja movido (por essas aflições).” Alguns sugeriram o significado primário, “ser adulterado, enganado por agradáveis ​​elocuções”; “ser desanimado, nervoso”.

Essa vida de gratidão, ou de permanecer inteiro nas tribulações, não se adquire sem fé. E essa fé é fortalecida, isto é, alcançada em meio às tribulações.

A Bíblia é um manual para os nossos sofrimentos. Alias, poderíamos perguntar sobre as causas dos sofrimentos, mas isso fica para outro tempo.

Quero ilustrar biblicamente, poucos exemplos, de como pessoas vivenciaram seus momentos difíceis na caminhada com Deus.

  1. “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os Teus decretos.” Salmos 119:71

– Afligido

– Humilhado (a mesma palavra usada em Is 53.7 para o Servo sofredor: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca”.

– Aprender por meio da disciplina, do ensino, para tornar-se um mestre. Ou seja, sem a aflição, não haverá a possibilidade de auxiliar os outros que sofrem porque não sabe, não tem o referencial da dor.

– Por isso, até mesmo o Cristo aprendeu a obediência por meio do sofrimento e agora pode se compadecer dos que sofrem, porque foi experimentado na dor.

  1. “Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Salmos 30.5

Favor: prazer, deleite, boa vontade, aceitação, desejo.

Alegria: Triunfo, proclamação, canções, regozijo.

Assim como serão certas as noites em nossas vidas, também serão certas as manhãs da vitória.

  1. “Grandes coisas fez o Senhor por nós, e, por isso, estamos alegres.” Salmos 126:3

Durante o cativeiro de Israel na Babilônia que durou 70 anos.

A Babilônia saqueou os bens do templo, do povo.

Não havia esperanças de sair do tormento do cativeiro. Não havia auxílio dos sacerdotes que eram proibidos de ministrarem ao povo.

Teriam que voltar para uma cidade destruída, para casas que foram abandonadas. Mais ou menos como vemos as imagens das cidades na Síria nos dias de hoje.

– No meio daquela tormenta, como eles poderiam pensar nas grandes coisas que Deus havia feito? Ativaram a história, foram repassando todos os atos de Deus e chegaram a uma conclusão: estamos alegres (felizes).

  1. Maria: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.” Lucas 1.46-47
  1. Talvez a ilustração mais conhecida disso é o Ap. Paulo. Na carta de agradecimento aos Filipenses por uma oferta recebida, ou seja, uma circunstância favorável, ele diz: Já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação.

– Aprendi: Aprender por meio da prática, ser informado, habituar-se, acostumar-se. Todavia, a ideia é que está associado ao aumento do conhecimento.

– Contentar: Estar tranquilo com a sua porção e isso independe das circunstâncias externas.

– Este aprendizado se dá por meio da reflexão a respeito do momento em que a pessoa está passando. Refletir a partir da pessoa de Cristo. Quando Cristo diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim…”, ele usa o mesmo verbo de Paulo.

– O modo indicativo é uma simples declaração de um fato. Se uma ação realmente ocorreu, ocorre ou ocorrerá.

– E para instruir os Filipenses, ele passa a dizer em que circunstâncias ele está contente: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.”

– Paulo termina com chave de ouro: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

– Lembremos que ser agradecido é a vontade de Deus EM Jesus Cristo.

“Deus tem tal disposição em relação a nós em Cristo, que mesmo em nossas aflições temos grande ocasião de agradecimento. Pois o que é mais apto ou mais adequado para nos pacificar do que quando aprendemos que Deus nos abraça em Cristo com tanta ternura, que ele reverte para nossa vantagem e bem-estar, tudo o que nos acontece?” (João Calvino)

Assim sendo, o que se espera de nós que conhecemos a Deus, e fomos salvos por Cristo, é que o glorifiquemos dando sempre graças a ele por agir em nossas vidas.

Conclusão:

Os textos bíblicos expressam o valor da comunidade para nos apoiar, animar, fortalecer nas horas difíceis da vida.

É como se a gente emprestasse um pouco de fé ao outro. Cedêssemos um pouco de esperança. Doássemos um pouco de amor.

É nessa solidariedade de Deus para conosco em Cristo e de nós para com o outro, também em Cristo, que a vida segue, que a fila anda.

E quando isso acontece, a gratidão se torna fruto permanente em nossas vidas.

Ação de graças, é, portanto, uma confiança inabalável no caráter de Deus.

Não interessa quando e onde.

Deus é bom!

Amém!

Antonio Carlos Barro

www.ejesus.com.br

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