Igreja, para que?

Mt. 22:34-40; 28:18-20
Se nós quisermos atuar de uma forma relevante, no ministério da Igreja, cada um, pessoalmente, precisa levar a sério o conhecimento da Palavra de Deus, a respeito das exigências que essa mesma Palavra tem para cada um que queira ser ministro de Deus. Ministro da Igreja de Jesus Cristo.

Precisamos por no trabalho o nosso coração. Precisamos ter consciência dos carismas dos dons, dos talentos, das habilidades, do poder espiritual que Deus coloca à nossa disposição, para cumprimento desse ministério.

Precisamos também, levar em consideração, o caráter, o crescimento na nossa vida espiritual, para que nos assemelhemos mais e mais a Cristo, nosso Pastor maior.

Ter convicção daquilo que fazemos e ter a coragem de assumir um compromisso com a Igreja do Senhor Jesus.

Mas, tenho para mim que talvez, para que a gente possa redescobrir o ministério nosso, na Igreja do senhor Jesus Cristo, talvez uma pergunta preliminar esteja pairando no espírito e no coração da Igreja, no coração das pessoas. Eu gostaria de abordar um pouquinho essa questão. Talvez precisemos começar por redescobrir a própria Igreja.

O que é afinal a Igreja? Por que existe a Igreja? E se nós soubermos responder à luz da Palavra de Deus estas questões: Para que existe a Igreja?Qual é a missão da Igreja? Qual é a função da Igreja? qual é o papel da Igreja? Qual é o lugar da Igreja?

Nós podemos responder, quem sabe, com muito mais propriedade a questão do nosso ministério, nessa mesma Igreja. Começamos por lembrar que a Igreja não é invenção nossa. A Igreja não é criação nossa. Não fomos nós que criamos a Igreja. Não fomos nós que inventamos a Igreja. A Igreja foi estabelecida e fundada pelo próprio Jesus Cristo, onde num momento especial, de manifestação de uma palavra de fé, de um dos seus apóstolos, Jesus usa aquela expressão marcante, “edificarei a minha Igreja”. A Igreja foi fundada, estabelecida e inaugurada por Jesus Cristo. E veio para ficar. E será duradoura. E permanecerá até o final dos séculos, quando Deus cumprir o seu propósito na consumação dos séculos.

Até lá, existirá a Igreja do Senhor Jesus, que Ele estabeleceu para ser firmamento e firmeza da verdade entre os homens. E tão firme Ele a estabeleceu que nenhum poder, nem o poder do inferno prevalecerá contra a Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Os dois trechos de Mateus, referem-se “Ao grande mandamento” e “À grande comissão”. Alguém disse que, se uma Igreja quiser ser uma grande Igreja, ela tem que levar em consideração o grande mandamento e a grande comissão.

A missão da Igreja, o para que existe a Igreja não é invenção nossa. Portanto, mostrarei cinco faces da missão da Igreja. Isto é, a Igreja existe para a missão, mas qual é a missão da Igreja?

1) ADORAÇÃO
A Igreja existe para a Adoração. A missão da Igreja é adorar a Deus. O centro da vida da Igreja é Deus e não os homens. No coração da Igreja está Deus e não nós, com as nossas atividades. Nós repetimos desde a infância a primeira e fundamental pergunta do Catecismo Cristão: qual é o fim principal do homem? Glorificar a Deus e goza-lo para sempre. É usufruir da benção da presença da graça maravilhosa de Deus, revelada de forma extraordinária em Jesus Cristo. A direção da adoração é do crente para Deus. É da terra para o céu. Na adoração, nós glorificamos a Deus, expressando o nosso amor por Ele e comprometendo-nos com Ele. Expressamos nosso amor a Deus por aquilo que Ele é, diz e faz. E há diversas formas: nos hinos, cânticos, orações, súplicas, oferendas, dádivas, palavras, sacramentos. E sempre na genuína adoração, a presença de Deus é sentida, o perdão de Deus é oferecido, seus propósitos revelados, seu poder é mostrado.

Jesus estabelece duas condições para a adoração, ou seja, “em espírito e em verdade”. A adoração deve ser um ato de prazer, de alegria, não pode ter o sabor de sacrifício, de coisa penosa, de trabalho chato. Na adoração deve dominar o sentimento de alegria, o mesmo que permeia os Salmos.

Não tem sentido todo e qualquer gesto de adoração, onde nós não sintamos, no nosso coração, o prazer de usufruir a presença e a comunhão maravilhosa com Deus.

2) EVANGELIZAÇÃO
A Igreja existe para evangelizar. A missão da Igreja é evangelizar. Evangelizar é anunciar as boas novas. Mas que boas novas são estas? O que é que existe que podemos dizer, seja uma boa notícia para todos nós? A Palavra de Deus nos dá essa grande notícia: em Cristo Jesus nós passamos das trevas para a luz, saímos da perdição para a salvação, passamos da morte para a vida, do pecado para a graça. Que coisa extraordinária! O evangelho é a melhor notícia porque ele é a boa nova que acerta o nosso passado, dá significado ao nosso presente e assegura nosso futuro. Evangelizar é levar Jesus até as pessoas, é levar as pessoas até Jesus. Um bom exemplo é o de Natanael que foi apresentado a Jesus. Evangelizar é este movimento de atração, pelo qual nós trazemos as pessoas ao convívio, à comunhão com Cristo.

Evangelho que é difusão, “Ide por todo o mundo…”, mas também, evangelho que é atração: “Vem! Segue-me! Evangelização, essa maravilhosa avenida de duas mãos, de ir e de vir em nome do Senhor Jesus.

Essa é a missão da Igreja. Insubstituível, e que ninguém pode realizar em nome do Senhor, a não ser a sua Igreja.

3) COMUNHÃO
A Igreja é uma comunidade de amor, e existe para que nós aprendamos a viver em amor. Existe para esta santa comunhão. Todas as palavras usadas no Novo Testamento, para designar a Igreja de Jesus Cristo, são grandes coletivos. A Igreja é Corpo, família, edifício, povo, missão, sacerdócio, lavoura. A Igreja é sempre esse conjunto daqueles que estão numa comunhão tão estreita, a ponto de constituírem um só e mesmo corpo. Não crescemos isolados uns dos outros, mas temos que crescer como corpo, como família, como povo, em nome do Senhor. A Palavra de Deus ensina que a comunhão não é uma coisa opcional para os crentes. Não! É um mandamento. É uma exigência. João diz: “A prova de que andamos na luz é que temos comunhão uns cons os outros”.

Existem muitas analogias sobre um cristão que está desconectado da Igreja. É como um soldado sem tropa, como ovelha longe do rebanho. Um crente, sem a família da Igreja, é um órfão. Órfão na vida, na fé, na esperança, no amor.

Para onde quer que olhemos o mundo de hoje, há sede e fome de comunhão. É a Igreja, por excelência, a comunidade da comunhão.

Os comerciais de cerveja, que aparecem na televisão, não tem objetivo de vender diretamente a cerveja. Eles querem vender a amizade, porque com a amizade eles vendem a cerveja. Ninguém é visto bebendo sozinho, todos estão sempre bebendo em comunhão. Porque os comerciais descobriram que, ninguém, e particularmente a nova geração, de mentalidade tão independente, se encontra num estado de saudosismo tal que o que eles mais desejam é o convívio. É a comunhão. E a cerveja é um bom pretexto para o convívio, para a comunhão.

Que convívio e que comunhão maior, que aquela provocada pela presença maravilhosa de Jesus Cristo.

4) DISCIPULADO
A Igreja existe para o discipulado. A missão da Igreja é discipular. Como Igreja nós somos chamados, não apenas para alcançar as pessoas, mas também, para ensinar as pessoas, “ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado”.

É responsabilidade da Igreja desenvolver a maturidade espiritual das pessoas. Contribuir para que os seus membros cresçam e se desenvolvam na sua fé. Paulo dizia que nós não podemos permanecer eternamente crianças. Lamentava quando tinha que dar ainda mamadeira, ministrar ainda o leite, quando na verdade ele estava querendo dar alimento sólido para as pessoas.]

Temos que crescer, desde o momento do nosso novo nascimento em Cristo Jesus à idade adulta, à maioridade da nossa fé.

Discipulado é propiciar a oportunidade de crescimento, de amadurecimento na fé. Nunca seremos verdadeiramente discípulos na acepção da palavra, se não buscarmos o crescimento e o desenvolvimento da nossa fé.

O discipulado é um processo. Processo que faz com que as pessoas se tornem mais parecidas com Cristo, sem seu sentimento, em suas emoções, em seu pensamento, em sua ação.

O objetivo da Igreja não é conquistar membros, mas fazer discípulos de Jesus Cristo.

5) SERVIÇO
A Igreja existe para servir. Jesus quando quis dizer qual era a essência, o coração do seu ministério, ele disse: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, para dar a sua vida em resgate do mundo”. Deu esta lição naquela extraordinária cerimônia do lava-pés, antecedendo a celebração de uma Santa Ceia. A Igreja existe para ministrar em nome do Senhor. E ministrar verdadeiramente é ser servo. É servir. É demonstrar o amor de Deus aos outros, atendendo as suas necessidades, sejam elas, espirituais, emocionais, físicas e sociais.

CONCLUSÃO
Adoração, Evangelização, Comunhão, Discipulado, Serviço: Cinco faces da missão da Igreja. Cinco elementos estreitamente ligados entre si. A Igreja existe para todos eles, e em função de todos eles. A Igreja não pode centrar-se só na adoração, correndo o risco de se tornar uma comunidade egoísta, dona de Deus, e somente preocupada consigo mesma. Igreja é para adorar, evangelizar, viver em comunhão, discipular, servir. Jesus exerceu o seu ministério dando atenção a todas essas dimensões. Elas foram o segredo da sua missão.

A Igreja saudável é Igreja equilibrada. E Igreja equilibrada é Igreja que sabe conjugar todos esses elementos. É por isso que nós temos que redescobrir a missão da Igreja. Uma missão que se reveste nos diferentes tipos de ministérios, que nós estamos colocando como a opção de escolha perante a Igreja. Mas todos eles são apenas instrumentos, para que a Igreja possa cumprir a sua vocação. Quíntupla vocação. Quintupla vocação da Igreja.

(Rev.Abival Pires da Silveira)
(Sermão pregado pelo Rev.Abival Pires da Silveira – Extraído do Jornal “Visão 2001, da 1ªIPI de São Paulo. Junho a agosto/2001).

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