Ilusões e Realidades

O Contexto já se tornou bem conhecido entre nós, tanto que em nada irá prejudicar a reflexão se não for lido, porque todos sabem o que estamos tratando, por isso que ler apenas o v. 13 e pensar esta noite sobre ILUSÕES E REALIDES.

Esta história de ilusão vem desde o Éden quando o primeiro homem ouviu esta promessa: “Você será como Deus”. E aí ele não se tornou como Deus e em vez de subir caiu. E a história do texto é uma história de ilusões. Um moço que se deixa seduzir por ilusões, e estas ilusões o enganaram. Via de regra as ilusões enganam muito. Enganado por estas ilusões ele descobriu algumas realidades. Se as ilusões foram frustrantes as realidades foram compensadoras e é sobre isso que eu gostaria de falar brevemente nesta noite: ILUSÕES E REALIDES.

Três ilusões aparecem no relato na vida deste moço. São as três ilusões mais comuns na vida das pessoas. A primeira é a ILUSÃO DA FALSA LIBERDADE. A ilusão de pensar que liberdade é fazer o que se quer. Vivemos numa época antropocêntrica, o homem está no centro, ele é senhor da sua própria vida. Vivemos também num período que os filósofos chamam de pós-modernidade, em que não há regras, não há convenções, cada um faz o que lhe dá na telha, o lema da pós-modernidade é este: cada um na sua. O que é verdade para você não é para mim, o que serve para você não serve para mim, você vive a sua vida e eu a minha.

Muitas pessoas têm seguido esta trilha da ilusão da falsa liberdade. A presunção de que viver é fazer o que lhe dá na telha sem prestar contas a ninguém, abaixo às regras, isto é uma ampliação do slogan que marcou a minha geração quando eu era jovem “é proibido proibir”, não deve haver proibições, cada um vive a sua vida, cada um vive como quer. O que interessa é que a pessoa deve ser livre então não devemos estabelecer regras para ninguém.

Há até muitos pais que dizem isto. Não vou dar nenhuma instrução religiosa ou moral aos meus filhos, quando eles crescerem eles que escolham o que quiserem. Essa é a maior declaração de incompetência paterna. Na realidade o que está sendo dito é isto: não sei como criar então vou deixar os meus filhos aí para ver o que acontece. Se der certo muito bem, se não de certo a culpa não é minha. Parece que este desejo na realidade é um reflexo de um desejo muito profundo no homem de não querer diretriz nenhuma para a sua vida e até mesmo, no sentido espiritual, de não querer Deus.

Eu me lembro de um livro para crianças que li, era a história de um trem, que ficou admirado como as bicicletas e os velocípedes podiam andar por todo lugar e então achou que ele também devia se livre. Por que viver nos trilhos? Então ele saiu dos trilhos e viu um gramado bonito com flores e foi para lá, só que como ele era pesado ao chegar lá ele afundou. Moral da História: Regras, princípios e padrões não são algemas, são trilhos e quando a pessoa presume que pode seguir os instintos, viver por impulsos, fazer o que se lhe dá na telha, na verdade ela se torna escrava e experimenta uma das piores sensações que o ser humano pode ter, a sensação de vazio e de angústia.

É curioso que vivamos numa época de tamanha liberdade sexual, de tamanha liberdade para vícios. Mas é significativo que numa época em que as pessoas tem tanta liberdade de fazerem o que querem de beberem o que querem, muitos trocam de parceiros como trocam de roupa, haja tanto vazio e tanta frustração.

Porque viver no domínio dos instintos não é ter satisfação, é animalizar-se. A diferença fundamental entre o ser humano e o animal está lá em Eclesiastes, Deus fez tudo formoso, e pôs no coração do homem a idéia de eternidade. O homem é o único que pode pensar além de si. Que tem noção de eternidade de espiritualidade, que tem noção de Deus e de valores, e quando deixa isso para viver a falsa noção de liberdade dos instintos está negando a própria humanidade, liberdade não é fazer o que se quer, fazer o que se quer é ser escravo dos instintos. Ser escravo dos instintos é mergulhar no vazio e na frustração.

Esta foi a ilusão em que o moço mergulhou, Para que viver numa fazendola? Por que viver com um pai que todo dia o acordava cedo para ordenhar vacas. Que vida miserável, cheiro de vaca e porco! Todos os dias. Deixa eu cuidar da minha vida. Vou para a cidade grande. E vamos viver, vamos cair na gandaia. Só que esta vida traz uma frustração enorme: a ilusão da falsa liberdade.

Uma segunda ilusão que o moço experimentou e que muita gente experimenta é a SEGURANÇA ECONOMICA. – O dinheiro não é mal em si, ele é neutro. Os bens são amorais, não são positivos e nem negativos, é o uso que fazemos deles que vai determinar. Uma nota de R$ 50,00 pode pagar uma prostituta, pode comprar uma droga, mas pode também alimentar um faminto. Ou seja é uso que fazemos dos bens que lhe dá valor moral.

Então o fato do moço ter recebido sua herança não quer dizer que isto estivesse em si errado (porque em última instancia o Pai concordou!). O problema é que o moço colocou a fonte de felicidade nos bens materiais e este também é o equívoco de tanta gente hoje em dia, que pensa que o sentido da vida está em ter coisas.

O sentido da vida está em ter o novo computador, a nova quinquilharia, cartões de crédito e poder ostentar uma segurança econômica para os outros… E para este moço a fonte de felicidade estava na matéria. E alguns pais aconselham seus filhos assim: Filho, ganhe dinheiro, honestamente se for possível, mas se não for possível ganhe dinheiro de qualquer maneira porque o que mais importa na vida é ganhar dinheiro. Mas não é. A Bíblia diz que um bom nome vela mais que ouro e prata, reputação, caráter íntegro, o ser respeitado, não há dinheiro que pague isto.

Estava lendo uma obra prima da intelectualidade brasileira. Uma senhora que atende pelo nome de Xuxa Meneghel, falando da filha de dois anos que tinha um estilo de vestir meio despojado, meio grunje, que precisa aperfeiçoar … e fiquei pensando, quanta pobreza, quanta mediocridade. As pessoas tem dinheiro mas não tem conteúdo nenhum, quanta mediocridade, quanta futilidade, presumo que os antropólogos culturais daqui a cem anos, quando lerem as revistas de hoje, vão dizer de nossa geração era uma geração de alienados. Pessoas que tinham as coisas, mas que se espreme não tem nada dentro delas. Elas pensam que o sentido da vida está em ter bens.

Há um escritor paulista, Inácio de Loyola Brandão, é um dos maiores escritores da literatura brasileira moderna, e um de seus livros mais famosos é Não verás País Nenhum, é uma obra de ficção científica, ele descreve a cidade de São Paulo depois de uma guerra nuclear, as pessoas não tem o que comer, não temo que beber, o mundo está destruído e há um diálogo entre duas pessoas no romance de Loyola, o sonho de uma destas pessoas, eu gostaria antes de morrer de voltar a ver uma árvore. Era o grande sonho da pessoa. Hoje ivemos tanto em função de coisas que julgamos imprescindíveis para a vida, foi o caso do moço, só que quando ele perdeu tudo descobriu que estava vazio. O moço estruturou a sua vida e duas ilusões, a de dispor da sua vida como quisesse, centrou-a nos bens e ficou profundamente frustrado.

Terceira e última ilusão: OS AMIGOS. Ele tinha bastante amigos. Evidentemente não gastou o dinheiro sozinho, ele torrou com amigos. Viveu muito bem enquanto tinha dinheiro. Só que este tipo de amigo que é atraído por dinheiro tem um faro muito sensível e sente quando o bolso ficou vazio e procura outro amigo. Aí os amigos da pesada desapareceram.

Quanta gente tem colocado o sentido da vida neste tipo de amigo. São pessoas muito frágeis de imagem própria e precisam de aprovação alheia. Elas necessitam viver em bandos, em grupos, então vestem roupas das quais não gostam, assumem hábitos dos quais não gostam … para agradar os amigos.

Quando adolescente eu trabalhei numa Sapataria. Naquele tempo a moda era o sapato de bico fino (aquele que a gente diz que é para matar barata no canto da casa), e o vendedor mostrou o sapato para um Jovem que ele estava atendendo. O rapaz disse para ele: mas este sapato é muito feio, é horrível. O vendedor respondeu: mas é o último grito da moda cara. E o rapaz disse: E mesmo: Ah! Se é assim então eu vou levar.

Que coisa! Era horrível mas era o último grito da moda. É como o rapaz que usa o boné com a pala para trás e diz que é para ser diferente, não sei diferente do que porque todo mundo usa para trás. Mas as pessoas seguem modas que não precisam, são manipuladas, massificadas.

Então quantos moços e adolescente que estão estragando a sua vida, trocando valores que receberam na casa do pai e da mãe, valores que receberam na igreja porque colegas de colégio estão dizendo que para ser gente aceita ali tem que fazer assim: A gente transa, você vai ter que transar. A gente fuma, bebe, puxa um baseado … e se você quer fazer parte da turma vai ter que curtir isso cara!!!

Ilusões, falsa liberdade, fazer o que se quer, viver sem Deus, sem regras, sem princípios. A ilusão da segurança material, não preciso de Deus, não tenho nenhum problema e quando ficar velho, moribundo aí vou pensar nessas coisas, por enquanto não estou numa boa. A ilusão de amigos. Se eu entrar aí o que digo para os outros?

Chega de ilusões, vamos falar de realidades. É a parte boa. Três realidades. Primeira, não é tão boa mas quando se descobre as coisas começam a melhorar. Primeira realidade, a realidade do afastamento do pai.

As coisas começaram a entrar em ordem na vida do moço quando ele descobriu que o seu problema não era a crise econômica, a sua escassez de recursos mas o afastamento que ele assumira do pai. É o que a Bíblia chama de pecado, é tão atraente mas traz péssimos resultados. Ele pensou que poderia viver longe do pai bem e descobriu que não, que vier longe do pai era frustrante, esta é a primeira realidade: viver longe de Deus é frustrante.

Todas as ilusões que nos mantém aparentemente de pé acabam se esboroando. Nesse tempo de “Homem Aranha”, vi uma reportagem sobre a VIUVA NEGRA, aquela aranha que depois que acasala mata o macho. E venha esta reportagem podemos pensar que algumas pessoas vivem um estilo de vida semelhante ao macho que é atraído pela viúva negra que depois de valer do parceiro o mata.

É assim o afastamento de Deus. Suga tudo o que a pessoa tem de bom, é assim que o pecado faz, suga tudo o que tem de bom e depois aniquila. Me lembro de um moço que uma vez disse par o pastor da igreja onde me converti: pastor, o senhor está por fora, um pecadinho de vez em quando faz um bem danado. Está preso até hoje. Esta é a primeira realidade, viver longe de Deus é frustrante e viver sem Deus é destrutivo.

Segunda realidade, arrependimento. Agora ele caiu em si, eu vou voltar para casa e pedir perdão ao meu pai: Pai, pequei contra os céus, contra Deus e contra o Senhor. Arrependimento. É a palavra chave na Bíblia, é uma pena que as pregações que ouvimos na televisão hoje, não fala em arrependimento, só fala de riqueza, saúde, promessa, prosperidade, carro 0 Km, etc., mas a palavra chave da Bíblia é arrependimento.

Arrependimento significa reconhecer que se está vivendo errado. A palavra grega para arrependimento traz a idéia de virar alguma coisa do lado do avesso, é uma mudança tão radical que é virar a mente do lado do avesso. Numa linguagem militar é o militar que vai andando numa direção, ouve meia volta vou ver e vira sobre os calcanhares, empreende o rumo em outra direção. Isto é arrependimento. A minha vida está estruturada sobre bases falsas, valores errados. Esta é a segunda grande realidade. Primeiro quando a pessoa reconhece que está longe de Deus e segundo quando a pessoa reconhece que deve mudar, que precisa mudar, e decide mudar. Sem o desejo profundo de mudança não adianta.

Cosmética não resolve. É o caso de uma sociedade que cultua a violência, libera geral, faz apologia do adultério, do homossexualismo, que põe a violência como entretenimento, Rambo e outros passam a ser heróis, despreza todos os valores e quando a sociedade mergulha em violência vão se vestir de branco e acender velas na janela. Todos os valores estão errados, o estilo de vida está errado, colocar roupa branca não vai mudar, parece que a sociedade deseja curar câncer com band-aid, mas arrependimento, nós estruturamos a vida sobre bases erradas e precisamos mudar.

Terceira realidade, perdão. Esta foi a realidade mais profunda. Na realidade o pai estava esperando por ele, o viu quando ele ainda vinha longe. Como disse em outra mensagem, onde todo mundo viu um mendigo o pai conseguiu ver o filho. Onde todos viram um moço coberto de trapos, esmulambado, o pai viu o filho. Onde havia alguém onde todos se afastavam, porque mendigo via de regra não tem um bom cheiro, o pai viu alguém que merecia um abraço e um beijo.

Aqui o pai tipifica o caráter de Deus, não tem críticas, não tem queixas, não lança nada em rosto e perdoa. Este é o caráter de Deus. O Deus que está atento, esperando a volta para casa, o pai esperava por ele. Interrompeu o discurso, porque Deus não quer pedido de desculpas, ele quer um coração que mostra arrependimento. Quando viu arrependimento perdoou.

A grande lição deste texto é esta, Deus perdoa o arrependido. Deus restaura o arrependido, muda por completo a vida do arrependido. Ilusões espirituais são danosas, podemos ser iludidos por muitas coisas, algumas das ilusões podem ser corrigidas mas a ilusão espiritual, por vezes, não tem como se corrigir, vive-se a vida inteira errada e quando chega o dia da partida e do acerto de contas com Deus a vida foi inteiramente perdida.

Quero lhe fazer uma pergunta nesta noite. Em que estágio você está? O da ilusão ou da realidade? Você está iludido? Seduzido pelo brilho do mundo?

Agora quero lhe apresentar estas realidades que você deve guardar no coração. Primeira realidade: sua vida precisa mudar. Segunda realidade: você precisa assumir o propósito de querer viver com o seu pai celestial. Terceira realidade, o seu pai celestial está disposto a perdoar você. Chega de ilusões e vamos para a realidade.

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