O modelo de liderança cristã

Introdução

1. Num de seus livros, Stanley Jones faz referência à conversa de dois pastores sobre a plenitude do Espírito Santo; o primeiro, bem conservador, expressava a sua preocupação quanto aos exageros emocionais por ele presenciados em reuniões pentecostais; o segundo, desejoso de experiências mais profundas com o Espírito, disse para ele não ter receio, pois, só Jesus tem, de fato, a plenitude, uma vez que o Pai não lhe dá o Espírito por medida (João 3.34-35). E concluiu: o máximo que uma pessoa cheia do Espírito pode alcançar é ser como Jesus. Jesus é o modelo não apenas de uma pessoa cheia do Espírito, mas também ele é o modelo de liderança. Os líderes cristãos vivem e agem no Espírito de Cristo. O máximo que um líder cristão pode alcançar é ser igual a Jesus! Este é um desafio permanente para o líder!

2. Como já vimos, os servos do Senhor, que exercem funções de liderança na igreja, são chamados pelo Espírito Santo, confirmados e enviados pela igreja e usados por Deus no poder do Espírito Santo! A Igreja confirma o chamado pela eleição e imposição de mãos. Por isso, o conhecimento da natureza da liderança cristã, segundo o modelo que temos em Jesus, é importante para nos ajudar como Igreja na escolha e comissionamento dos oficiais.

3. Como já vimos na mensagem anterior, todos nós somos servos (1 Pedro 4.10), podendo ser chamados para exercer funções no Corpo Cristo (Romanos 1.1); num certo sentido, todos nós também somos líderes, pois, lideramos e somos liderados em casa, no trabalho, na igreja, na sociedade, no lazer etc. As lições do texto, sobre liderança cristã, aplicam-se, portanto, a todos nós!

4. No texto, Jesus está pacientemente treinando os seus discípulos para a missão que deviam cumprir. Observemos os contrastes entre o modelo de liderança de Jesus e as expectativas dos discípulos quanto à função que teriam como líderes. Jesus também nos ensina com amor e paciência!

I – Jesus lidera com coragem; seus discípulos o seguem admirados e medrosos

1. Jesus ia adiante dos discípulos (Mc 10.32). O líder vai sempre na frente dos seus liderados. Sabe aonde quer chegar e aglutina pessoas para que o acompanhem! É assim que o Pastor conduz as ovelhas (João 10.2-4).

2. Jesus caminhava resolutamente para Jerusalém, sabendo que sofrimentos indescritíveis o esperavam (Lucas 9.51-53; Marcos 10.33-34). Como os discípulos já tinham sido anteriormente avisados pelo Mestre sobre o que o esperava em Jerusalém (Marcos 8.31; Marcos 9.31), eles o seguiam admirados e cheios de medo, de apreensões! Essa atitude dos discípulos contrasta com a do Mestre. O verdadeiro líder é aquele que não recua diante das dificuldades e do alto preço que tem de pagar para cumprir completamente a sua missão! Ele não é um herói por acaso!

3. Júlio César, para conquistar a Grã-Bretanha, fez os soldados atravessar o Canal da Mancha, destruiu todos os barcos e deu este comando: “Vencer ou morrer”! O nosso hino oficial nos desafia: Com valor! sem temor!/ Por Cristo prontos a sofrer!/ Bem alto erguei o seu pendão, / Firmes sempre até morrer! Precisamos de líderes corajosos como Jesus que não desistem até a vitória completa sobre as hostes espirituais da maldade para a libertação de vidas para o Reino de Deus!

II – Jesus segue o caminho da cruz; os discípulos ambicionam a glória

1. Para Jesus, o caminho da glória passa pela cruz; os discípulos queriam a glória sem a cruz. O pedido de posições honrosas no Reino de Cristo foi feito por dois apóstolos depois de Jesus ter falado aos doze sobre a cruz (Marcos 10.32, 35-37)! No Evangelho de Mateus, o pedido foi feito através da mãe (Mateus 20.20-21). Toda a família estava envolvida. O diabo tentou desviar Jesus do caminho da cruz, oferecendo-lhe a glória e o poder dos reinos deste mundo (Mateus 4.8-10). Ele continua tentando hoje os discípulos de Jesus. Como Jesus venceu, podemos ser vitoriosos nele!

2. Somos exortados a ter a mesma atitude de Cristo que foi obediente até ao sacrifício (Filipenses 2.5-8) para que fosse glorificado pelo Pai (Filipenses 2.9-11). A carne (natureza humana pecaminosa) não serve a Deus (Romanos 8.6-7); precisa ser crucificada (Gálatas 5.24; 6.14). Quando morremos para a carne, para o mundo, a vida de Jesus se manifesta em nós (2 Coríntios 4.10-11).

3. Precisamos de líderes que estejam mortos para a carne, para o mundo, para as ambições terrenas para que possam conduzir o povo de Deus para uma genuína espiritualidade!

III – Jesus exerce autoridade para servir; os discípulos ambicionam poder para dominar

1. Houve uma crise no colégio apostólico por questão de poder! (Marcos 10.41). Manifestou-se outra vez a tendência de discutir quem dentre eles era o maior (Marcos 9.33-35). Teria acontecido uma divisão no Colégio Apostólico, não fosse a intervenção rápida de Jesus (Marcos 10.42-45).

2. A grandeza, o espírito nobreza, se manifesta na disposição de servir. O maior é quem serve. Jesus ensina pelo exemplo (Marcos 10.45). Este ensino tem uma grande sabedoria e pode ser aplicado em todas as áreas da vida. A verdadeira prosperidade vem pelo serviço humilde, honesto, digno e persistente!

3. A liderança cristã, segundo o modelo de Jesus, adota o princípio dos quatro esses. Submissão ao Superior e Serviço ao Subordinado. Este é o modelo de Jesus.

Conclusão

Apesar das atitudes mesquinhas e inadequadas dos discípulos, Jesus foi tolerante e compassivo com as suas fraquezas, mas firme quanto aos princípios do Reino de Deus. Apesar de tudo, eles seguiam a Jesus e criam na vitória do Mestre! Precisavam, porém, aprender a natureza da vida e da missão cristãs.
Essa paciência e compaixão de Jesus nos enchem de esperança. Deixemo-nos moldar pelo divino Mestre para que sejamos preparados para a sua obra. Por certo, o Senhor tem trabalhado na vida de servos, da Igreja, preparando-os para o exercício de funções de liderança. Que o Senhor ilumine a Igreja para que possa fazer escolhas acertadas!

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